|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Comentário/"CQC"
Falta um diferencial à nova temporada
RODRIGO RUSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O "CQC" voltou de férias na
semana passada, mas a pergunta permanece: o programa, afinal, faz jornalismo com humor
ou humor com o jornalismo?
Combinando a credibilidade
conferida por Marcelo Tas,
criador do personagem Ernesto Varela nos anos 80 -ainda
forte referência de jornalismo
irreverente na TV-, a um caprichado formato vindo da produtora argentina Cuatro Cabezas, a atração da Band (segundas, às 22h15) se apresenta como um "resumo semanal de
notícias", o que foge um pouco
a seu conteúdo.
A estreia da terceira temporada, na noite da última segunda, mostrou que, apesar da enxurrada de novos quadros -na
verdade, uma reciclagem de
ideias já exibidas na TV paga ou
no exterior-, falta o toque de
genialidade de anos anteriores.
Na primeira temporada, a
grande sacada foi o repórter
inexperiente vivido por Danilo
Gentilli, que desconstruía a pose de entrevistados famosos.
No ano passado, foi a vez de
Warley Santana, como um experiente consultor de imagem,
que sempre tinha frases "sábias" a indicar para os personagens de suas reportagens-que
não hesitavam em usá-las.
Vale ressaltar, contudo, que a
atração segue com larga vantagem em relação aos concorrentes nos quesitos técnicos. Não
há edição similar em termos de
agilidade, efeitos sonoros e visuais. Outro ponto favorável é
não subestimar a inteligência
do público com repetições de
frases e imagens ao infinito, como faz o "Pânico", muitas vezes
fora de contexto.
O ponto alto do primeiro
"CQC" do ano foi o antigo quadro "Top Five", espécie de fiscal
dos erros -fartos, diga-se de
passagem- da TV nacional. Ali,
vimos uma onda derrubar a
"celebridade" Ângela Bismarchi durante um ensaio sensual.
A cena foi originalmente exibida no "TV Fama", da RedeTV!.
Marco Luque, talentoso criador de personagens no teatro,
mas ainda sem o mesmo acerto
na TV, ganhou um quadro solo.
O "Marco Luque Responde" dá
respostas sem graça a perguntas idem, em uma versão masculina da Magda (papel de Marisa Orth) de "Sai de Baixo".
O quadro "Proteste Já", o
mais jornalístico e crítico do
"CQC", foi impedido de ir ao ar
por decisão judicial, pois era incômodo à prefeitura de Barueri. As cenas de Danilo Gentilli
flagrando TV doada à uma escola na casa da diretora serão
exibidas amanhã, após a prefeitura desistir do processo.
No geral, "CQC" é melhor como humor que satiriza o mau
jornalismo do que como noticiário apoiado na comédia. E
tem os merchandisings mais
descolados do mercado.
Texto Anterior: Escritor vê "melhor momento da história" Próximo Texto: Resumo das novelas Índice
|