São Paulo, domingo, 21 de março de 2010

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Comentário/"CQC"

Falta um diferencial à nova temporada

RODRIGO RUSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O "CQC" voltou de férias na semana passada, mas a pergunta permanece: o programa, afinal, faz jornalismo com humor ou humor com o jornalismo?
Combinando a credibilidade conferida por Marcelo Tas, criador do personagem Ernesto Varela nos anos 80 -ainda forte referência de jornalismo irreverente na TV-, a um caprichado formato vindo da produtora argentina Cuatro Cabezas, a atração da Band (segundas, às 22h15) se apresenta como um "resumo semanal de notícias", o que foge um pouco a seu conteúdo.
A estreia da terceira temporada, na noite da última segunda, mostrou que, apesar da enxurrada de novos quadros -na verdade, uma reciclagem de ideias já exibidas na TV paga ou no exterior-, falta o toque de genialidade de anos anteriores.
Na primeira temporada, a grande sacada foi o repórter inexperiente vivido por Danilo Gentilli, que desconstruía a pose de entrevistados famosos.
No ano passado, foi a vez de Warley Santana, como um experiente consultor de imagem, que sempre tinha frases "sábias" a indicar para os personagens de suas reportagens-que não hesitavam em usá-las.
Vale ressaltar, contudo, que a atração segue com larga vantagem em relação aos concorrentes nos quesitos técnicos. Não há edição similar em termos de agilidade, efeitos sonoros e visuais. Outro ponto favorável é não subestimar a inteligência do público com repetições de frases e imagens ao infinito, como faz o "Pânico", muitas vezes fora de contexto.
O ponto alto do primeiro "CQC" do ano foi o antigo quadro "Top Five", espécie de fiscal dos erros -fartos, diga-se de passagem- da TV nacional. Ali, vimos uma onda derrubar a "celebridade" Ângela Bismarchi durante um ensaio sensual. A cena foi originalmente exibida no "TV Fama", da RedeTV!.
Marco Luque, talentoso criador de personagens no teatro, mas ainda sem o mesmo acerto na TV, ganhou um quadro solo. O "Marco Luque Responde" dá respostas sem graça a perguntas idem, em uma versão masculina da Magda (papel de Marisa Orth) de "Sai de Baixo".
O quadro "Proteste Já", o mais jornalístico e crítico do "CQC", foi impedido de ir ao ar por decisão judicial, pois era incômodo à prefeitura de Barueri. As cenas de Danilo Gentilli flagrando TV doada à uma escola na casa da diretora serão exibidas amanhã, após a prefeitura desistir do processo.
No geral, "CQC" é melhor como humor que satiriza o mau jornalismo do que como noticiário apoiado na comédia. E tem os merchandisings mais descolados do mercado.


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