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Leconte revê
uso do `close'
AMIR LABAKI
da Equipe de Articulistas
Patrice Leconte, 50, tem
lugar garantido entre as
poucas revelações francesas
dos últimos 20 anos. Cinéfilo confesso e fã de Woody
Allen, começou sua carreira desenhando histórias em
quadrinhos.
Feita a opção pelos filmes,
o começo é marcado por
uma tentativa de cinema
comercial sofisticado, restrito ao mercado francês. A
cinefilia marca a paródia
policial da estréia, "Les Vécés Étaient Fermés de L'Interieur" (1975).
Seus passos seguintes levam-no à comédia, a uma
trilogia desenvolvida no
início dos 80 junto ao
ator-roteirista (depois diretor) Michel Blanc).
O amor ao cinema e a parceria com Blanc atingem
patamar de sofisticação na
refilmagem de "Panique",
adaptação de romance de
Georges Simenon. É "Um
Homem Meio Esquisito"
("Monsieur Hire", 1988),
policial romanticamente
amargo, exemplar estudo
da timidez no cinema.
Mas foi seu filme seguinte, "O Marido da Cabeleireira" (1990), que o revelou
para o público brasileiro. A
nostalgia de um cinema do
"close" embala o romance
entre o desajeitado Jean Rochefort e a exuberante Anna Galiena.
O melhor Leconte está
nesse cinema de personagens, de acento tragicômico, que nos bons momentos lembra François Truffaut ("A Mulher do Lado"). Por vezes a fórmula
desanda, como em "O Perfume de Yvonne" (1994).
Admitindo o insucesso, Leconte aposta em seu filme
seguinte na volta à comédia
descompromissada.
Nem mesmo apoiada no
trio Philippe Noiret-Jean
Rochefort-Jean-Pierre Marielle, "Les Grands Ducs"
(1995) decolou. Fracasso de
crítica e público, jamais
chegou ao Brasil.
Em "Caindo no Ridículo", Leconte experimenta
com o filme de encomenda.
Foi contratado pelos produtores para rodar o roteiro
do jovem Rémi Waterhouse. Nada contra, se a química funciona. Não é o caso.
"Caindo no Ridículo",
que chega agora a SP, deve
seus melhores momentos
ao resgate da expressividade da face humana.
O rosto da viúva aristocrata e manipuladora, vivida pela truffautiana Fanny
Ardant é um convite ao
"close", assim como o de
Judith Godreche, que disputa com Ardant as atenções do herói iluminista, o
engenheiro Gregoire Ponceludon de Malavoy.
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