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OSCAR
Dirigir é nova paixão de Robert Duvall
ELIZABETH SNEAD
do "USA Today"
Há quem classifique Robert Duvall como o maior ator norte-americano vivo. Mas nada de formalidades. "Chame-me de Bobby", diz
o jovial Duvall. Aos 67 anos, pode-se dizer que ele está "em perfeita forma", com olhos azuis vivos e
uma natureza amistosa e curiosa.
Esse filho de um oficial da Marinha foi recomendado pelo escritor
Horton Foote (que o vira em uma
peça na escola) para o papel do herói retardado Boo Radley em "O
Sol É para Todos", de 1962.
Mais de 30 anos mais tarde, Duvall tornou-se um mestre em personagens complexos: Tom Hagen
(nos dois primeiros "O Poderoso
Chefão"), o tenente-coronel Kilgore ("Apocalipse Now"), Mac
Sledge ("A Força do Carinho").
Agora, pela primeira vez, ele escreveu, dirigiu e estrelou (bem como financiou) um longa, "O
Apóstolo", que lhe deu sua quinta
indicação ao Oscar -ganhou uma
vez, por "A Força do Carinho".
Duvall interpreta Euliss "Sonny"
Dewey, um carismático pastor sulista da igreja pentecostal propenso à violência e à infidelidade.
Sonny é destruído por suas fragilidades, mas sua fé e sua capacidade
de inspirar devoção o redimem.
"Treze anos atrás, eu estava dirigindo sem rumo perto de Hughes,
Arkansas", diz Duvall. "E fui a
uma daquelas pequenas igrejas.
Foi muito interessante para mim
porque jamais havia visto aquela
cultura e aquela forma de arte puramente norte-americana." Intrigado, Duvall decidiu escrever um
roteiro sobre um pregador sulista.
Foi Horton Foote quem o encorajou a dirigir o filme ele mesmo.
"Ao visitar aqueles pastores, ele
os compreendeu, ele não os olhou
com superioridade, mas descobriu seus pontos fracos e sua humanidade", diz Foote.
A despeito da reputação de Duvall como ator, nenhum estúdio
expressou interesse no projeto.
Depois de alguns anos de frustração, Duvall decidiu ir adiante e
financiar o filme com US$ 5 milhões de seu próprio dinheiro. Antes de começar a filmagem, ele explorou o sul para aperfeiçoar a intensidade digna de um vendedor
de carros usados de seu pregador,
sua cadência cantada, seu andar
animado e suas exclamações entusiásticas.
"Pode soar brega, mas a literalidade e a imaginação da linguagem
deles é tão densa", diz Duvall. "Algo como "teremos uma explosão
do Espírito Santo!' ou "eu estou na
lista de inimigos do Diabo'".
Duvall escalou June Carter Cash
como sua mãe, Miranda Richardson, duas vezes indicada para o
Oscar, como Toosie, a namorada
de Sonny, e Farrah Fawcett como
sua esposa, Jessie.
Das atrizes, trabalhar com Fawcett foi "o mais complicado". "Eu
sempre gostei do trabalho de Farrah e queria que ela fosse Toosie",
diz. "Mas ela quis o papel de esposa. Depois, quando Miranda foi
escolhida, Farrah disse, "ah, eu
quero ser Toosie', e continuou insistindo quanto a isso. No fim, eu
disse que, se ela não quisesse interpretar a esposa, estava fora. "Vá
embora. Arrumo outra pessoa'."
Dirigir é sua mais recente paixão. "Acho que é uma satisfação
mais completa", diz. "Quando você é ator, às vezes quer que o dia
acabe para que possa ir para casa.
Mas, ao dirigir, nunca há tempo
suficiente, você não quer que o dia
acabe."
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