São Paulo, sábado, 21 de abril de 2001

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INAUGURAÇÃO

Artista abre hoje com a performance "Resgate" o Centro Cultural Banco do Brasil em sua versão paulistana

Tunga resgata a arte no centro paulista

DA REPORTAGEM LOCAL

O edifício acaba de ser restaurado para ser inaugurado hoje. Entretanto rachaduras e danificações podiam ser vistas já no decorrer da semana. Não porque a reforma tenha sido malfeita ou tremores já abalaram as estruturas.
A razão do estrago na nova sede paulista do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) é o artista plástico Tunga, que, para realizar sua instalação "Resgate", que abre hoje a programação cultural do local, necessitou mudar a estrutura do foyer do edifício para sustentar as peças de mais de uma tonelada de sua instalação.
Além das peças suspensas no foyer, Tunga prepara um banquete para mais de mil pessoas, que será servido em 21 conjuntos de baixelas.
"A primeira vez que distribuí sopa foi com o Artur Barrio, numa invocação a processos alquímicos", conta o artista.
A alquimia, crença medieval na busca de uma remédio universal, por seu caráter globalizante, é um tema permanente na obra de Tunga, que atualiza a questão pela arte.
"Resgate", por exemplo, invoca a participação dos visitantes e aciona todos os sentidos humanos. A instalação ocupa não só o foyer, mas outros dois andares do espaço. Deve-se andar sobre cobertores, mexer nas obras, sentir o aroma da sopa, enfim, sensibilizar o humano em todas as suas capacidades.
"Minha obra propõe um diálogo entre vários meios, busco trabalhar a ambivalência dos sentidos em direção à liberdade", diz Tunga. O nome "Resgate" é uma ironia ao espaço cultural de um banco. "O que se vai resgatar aqui é a poesia", afirma.
No próximo mês, Tunga organiza "Assalto", uma outra instalação para o CCBB de Brasília. Com uma agenda lotada para este ano, ele ainda prepara obras para o Peggy Guggenheim, por ocasião da Bienal de Veneza -a obra ficará permanentemente no jardim do museu. Depois participa da Bienal de Valência (Espanha) e de exposições em Paris (no Jeu de Paume), Bordeaux (França), Londres e Nova York.
Na instalação de hoje -a partir das 16h para convidados e das 18h para o público-, Tunga terá o auxílio do compositor Arnaldo Antunes e da coreógrafa Lia Rodrigues, que coordena a participação de cem pessoas.
Essa megaintervenção é apenas a primeira parte da programação de abertura do CCBB, denominada "Metro - A Metrópole em Você", com curadoria de Marcello Dantas. Durante dois meses, toda a agenda do espaço será ocupada com o tema das grandes cidades.
"A metrópole é um instrumento de mapeamento e uma maneira de aglutinação. Analisaremos sua força por meio da arte", afirma Dantas.
Para tanto, o curador programou uma mostra de cinema e vídeo, um ciclo de conferência, a apresentação de espetáculos de música, dança e teatro e ainda intervenções de quatro artistas plásticos (Beth Moisés, Pazé, Sandra Cinto e Renata Pedrosa) nas imediações do CCBB, com curadoria de Kátia Canton (veja os destaques no quadro abaixo).
Hoje ainda, no subsolo do CCBB, é inaugurada a exposição "Qual é o Seu Centro?", organizada pelo Museu da Pessoa. A mostra reúne depoimentos e fotos de moradores e frequentadores do centro, além de incluir nos finais de semana uma cabine especial para coleta de depoimentos dos visitantes.
Construído em 1901, com 4.183 m 2, o prédio do CCBB passou por reformas durante um ano, um investimento de R$ 7,5 milhões.
O centro possui salas de exposição (uma delas dentro do antigo cofre do banco, no subsolo), cinema (para 80 pessoas), teatro (para 130 espectadores), auditório, sala de vídeo e cyber café. O prédio é tombado pelo Condephaat.
(FABIO CYPRIANO)


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