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INAUGURAÇÃO
Artista abre hoje com a performance "Resgate" o Centro Cultural Banco do Brasil em sua versão paulistana
Tunga resgata a arte no centro paulista
DA REPORTAGEM LOCAL
O edifício acaba de ser restaurado para ser inaugurado hoje. Entretanto rachaduras e danificações podiam ser vistas já no decorrer da semana. Não porque a
reforma tenha sido malfeita ou
tremores já abalaram as estruturas.
A razão do estrago na nova sede
paulista do Centro Cultural Banco
do Brasil (CCBB) é o artista plástico Tunga, que, para realizar sua
instalação "Resgate", que abre hoje a programação cultural do local, necessitou mudar a estrutura
do foyer do edifício para sustentar
as peças de mais de uma tonelada
de sua instalação.
Além das peças suspensas no
foyer, Tunga prepara um banquete para mais de mil pessoas, que
será servido em 21 conjuntos de
baixelas.
"A primeira vez que distribuí
sopa foi com o Artur Barrio, numa invocação a processos alquímicos", conta o artista.
A alquimia, crença medieval na
busca de uma remédio universal,
por seu caráter globalizante, é um
tema permanente na obra de
Tunga, que atualiza a questão pela
arte.
"Resgate", por exemplo, invoca
a participação dos visitantes e
aciona todos os sentidos humanos. A instalação ocupa não só o
foyer, mas outros dois andares do
espaço. Deve-se andar sobre cobertores, mexer nas obras, sentir
o aroma da sopa, enfim, sensibilizar o humano em todas as suas
capacidades.
"Minha obra propõe um diálogo entre vários meios, busco trabalhar a ambivalência dos sentidos em direção à liberdade", diz
Tunga. O nome "Resgate" é uma
ironia ao espaço cultural de um
banco. "O que se vai resgatar aqui
é a poesia", afirma.
No próximo mês, Tunga organiza "Assalto", uma outra instalação para o CCBB de Brasília. Com
uma agenda lotada para este ano,
ele ainda prepara obras para o
Peggy Guggenheim, por ocasião
da Bienal de Veneza -a obra ficará permanentemente no jardim
do museu. Depois participa da
Bienal de Valência (Espanha) e de
exposições em Paris (no Jeu de
Paume), Bordeaux (França), Londres e Nova York.
Na instalação de hoje -a partir
das 16h para convidados e das 18h
para o público-, Tunga terá o
auxílio do compositor Arnaldo
Antunes e da coreógrafa Lia Rodrigues, que coordena a participação de cem pessoas.
Essa megaintervenção é apenas
a primeira parte da programação
de abertura do CCBB, denominada "Metro - A Metrópole em Você", com curadoria de Marcello
Dantas. Durante dois meses, toda
a agenda do espaço será ocupada
com o tema das grandes cidades.
"A metrópole é um instrumento de mapeamento e uma maneira de aglutinação. Analisaremos
sua força por meio da arte", afirma Dantas.
Para tanto, o curador programou uma mostra de cinema e vídeo, um ciclo de conferência, a
apresentação de espetáculos de
música, dança e teatro e ainda intervenções de quatro artistas plásticos (Beth Moisés, Pazé, Sandra
Cinto e Renata Pedrosa) nas imediações do CCBB, com curadoria
de Kátia Canton (veja os destaques no quadro abaixo).
Hoje ainda, no subsolo do
CCBB, é inaugurada a exposição
"Qual é o Seu Centro?", organizada pelo Museu da Pessoa. A mostra reúne depoimentos e fotos de
moradores e frequentadores do
centro, além de incluir nos finais
de semana uma cabine especial
para coleta de depoimentos dos
visitantes.
Construído em 1901, com 4.183
m 2, o prédio do CCBB passou por
reformas durante um ano, um investimento de R$ 7,5 milhões.
O centro possui salas de exposição (uma delas dentro do antigo
cofre do banco, no subsolo), cinema (para 80 pessoas), teatro (para
130 espectadores), auditório, sala
de vídeo e cyber café. O prédio é
tombado pelo Condephaat.
(FABIO CYPRIANO)
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