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TELEVISÃO
Proposta é manter aparelho desligado hoje à noite entre 20h e 20h15
Campanha propõe boicote à TV
RODRIGO MOURA
DA REDAÇÃO
Começou como uma corrente
anônima na internet. Acumulou
adeptos e inaugura um tipo de
protesto inédito no país. A idéia é
simples: 15 minutos com a televisão desligada na noite de hoje, das
20h às 20h15, como forma de protesto contra o baixo nível que se
instalou em grande parte da programação televisiva brasileira.
A ONG TVer, que tem na elevação da qualidade do conteúdo
transmitido uma de suas frentes,
foi incisiva no apoio: além de ventilar a proposta, oferece por meio
de seu site um bate-papo durante
o tempo do boicote, enfocando a
própria iniciativa, e propõe que
ele se estenda por 30 minutos.
Posição diferente foi tomada
pelo diretor do programa "Vitrine" da TV Cultura, Gabriel Prioli.
Mesmo considerando "legítimo"
o emprego do boicote como forma do protesto, Gabriel considera
apócrifa a corrente que originou a
campanha e preferiu não apoiá-la. "Não acho que o anonimato seja a forma mais interessante. As
pessoas têm de se mostrar, dar a
cara ao tapa", diz.
O sociólogo e jornalista Laurindo Leal Filho, presidente da TVer,
defende a tese de que, mesmo
sendo simbólico, o boicote tem o
poder de "despertar" a sociedade.
"Entre uma população que é basicamente formada pela TV, não
se pode esperar que o boicote seja
encampado por muita gente, uma
vez que as emissoras não vão incluí-lo em suas pautas. Mesmo assim, esse tipo de iniciativa tem a
virtude de servir como mais um
alerta", diz, ressaltando que caberiam, sim, com mais eficiência,
"mecanismos institucionais" para
dar conta do problema.
O jornalista lembra que duas
formas de mediação entre público
e emissoras já foram ensaiadas
pelo poder público, sem um desfecho por enquanto. Tanto o Conselho de Comunicação Social,
previsto na Constituição, quanto
a criação de uma agência reguladora para o setor estão na pauta
do Congresso, mas não foram à
votação. Leal Filho vê com mais
urgência a implantação da agência, uma vez que as televisões são
concessões estatais.
"Seria um mecanismo importante para canalizar as demandas
da sociedade em relação à televisão. Esse tipo de mediação funciona em várias democracias do
mundo. Os concessionários públicos de televisão dizem que estamos falando de censura, mas o
que eles não admitem é crítica ao
que colocam no ar", dispara.
Se no Brasil a iniciativa é restrita
a 15 minutos, num viés mais "simbólico", o site canadense adbus
ters.org vai mais longe e propõe
que o aparelho de TV seja abandonado por uma semana, a partir
de amanhã. Apoiada por organizações não-governamentais dos
EUA, da França e da Espanha, a
campanha existe desde 1999 e tem
simpatizantes de 30 países.
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