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Chef inglês reformula merenda escolar no país
DE LONDRES
Jamie Oliver nunca duvidou
que conseguiria o sucesso atingido recentemente com seu programa "Jamie's School Dinners"
-que foi transmitido pelo Channel 4- e se expressa de forma nada convencional para dizer isso.
"Estava completamente focado
em conseguir uma grande mudança. Não gastei um ano e meio
sofrendo abusos de garotos em
escolas, sem a ajuda dos pais deles, porque gosto de abuso verbal", disse à Folha.
De forma geral, o chefe afirma
que não acredita em fracassos.
"Não, eu não acredito nisso. Não
mesmo. O que eu faço, faço, não
importa o que vai demandar."
Isso não significa que esse último projeto, no entanto, tenha sido fácil. Primeiro, foi a dificuldade de convencer as crianças a, pelo menos, tentar o cardápio proposto por Oliver.
Mesmo quando ele conseguiu
autorização para banir completamente as comidas de má qualidade ("junk food"), muitos se recusavam a experimentar os pratos
saudáveis sugeridos e ensinados
pelo chef britânico.
Ao mesmo tempo, Oliver tinha
de ensinar às cozinheiras suas receitas e convencê-las de que valia
a pena o esforço -muitas tiveram de fazer horas extras no início do projeto.
Oliver conseguiu tudo isso. Ainda exibiu para a nação britânica,
em horário nobre, a péssima qualidade das comidas que as crianças vêm comendo nas escolas.
Mostrou, por exemplo, como são
feitos nuggets (uma mistura triturada do resto da carcaça do frango
com gordura) e conseguiu que
muitas crianças abandonassem
opções como essa. De repente, só
se falava em Jamie Oliver e seu
programa no Reino Unido.
Depois, veio a parte mais difícil:
convencer o governo trabalhista
de Tony Blair de que o orçamento
reservado para as merendas era
muito baixo. No último dia 30,
acabou sendo anunciada uma injeção de 280 milhões de libras a
mais para as merendas (cerca de
R$ 1,4 bilhão).
Agora, diz Oliver, a expectativa
é que o projeto de melhorar a qualidade das refeições escolares continue. "Continuarei envolvido na
medida em que for necessário. Essencialmente, não é meu trabalho
alimentar cada criança deste país.
Sou chef, não babá. Mas fiquei
muito feliz de passar um ano e
meio provando a verdade e ficarei
feliz de continuar sendo a voz das
cozinheiras e dos pais", afirmou.
Apesar de sua linguagem e seu
jeito causarem polêmica no Reino
Unido, Oliver é admirado não só
por ser considerado um excelente
chef e um jovem para lá de midiático, mas pelos projetos sociais
que desenvolve. Em seu restaurante, Fifteen, garotos de classes
sociais mais baixas são treinados
para se tornarem chefs. A experiência tornou-se o "reality show"
"A Cozinha de Oliver", exibido no
Brasil pela GNT. Quem trabalha
com ele, como o brasileiro Almir
Santos, só tem elogios.
"O Jamie é muito legal. É um sujeito especial mesmo. O trabalho
que fazemos com os garotos aqui
no restaurante é fantástico", afirma Santos, gerente de cozinha do
Fifteen e amigo de Oliver. O brasileiro trabalha com o chef britânico há 13 anos, desde os tempos
anteriores à fama.
(EF)
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