São Paulo, quinta-feira, 21 de abril de 2005

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"A FAMÍLIA DA NOIVA"

Comédia fica obsoleta com aposta em velha moral e conflitos raciais

CLAUDIO SZYNKIER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O corpo é o centro da comédia americana. Há, por exemplo, os Farrelly ("Ligado em Você", com siameses, "O Amor É Cego", com obesos), que tocam a espinha de sociedade dos EUA de hoje, seu projeto de imagem e consumo, por meio da idéia de perfeição/aberrações do corpo.
Em "A Família da Noiva", o corpo está no âmbito racial. O plano é atualizar com correção política os EUA e seus conflitos: pai, negro de classe média-alta, implica com o noivo branco da filha. Essa atualização resulta obsoleta em tudo.
O desconforto da situação passa por uma ingenuidade dos anos 30, meio à Frank Capra: a pureza humana versus a sistematização mesquinha do capitalismo, em que tudo é status (coisa que o sogro exige).
Além disso, há a tensão cômica corporal. As gags, meio fora do tempo e, por isso, artificiais, não raro obedecem a uma lógica de condicionamento natural: "Branco raquítico, ruim nos esportes, não pode casar com minha filha".
Aqui, nesses EUA de cera, que no fim ainda serão abençoados pela velha moral de "diferentes acabam aprendendo um com o outro", ao menos caem bem os procedimentos estéticos adotados: meio mumificados, oriundos das séries familiares de TV.


A Família da Noiva
Guess Who
 
Direção: Kevin Rodney Sullivan
Produção: EUA, 2005
Com: Bernie Mac, Ashton Kutcher, Zoe Saldana
Quando: a partir de hoje nos cines Shopping D, Villa-Lobos, Bristol e circuito


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