São Paulo, quarta-feira, 21 de abril de 2010

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CONEXÃO POP

Coachella 2010


Megafestival americano consagra Jay-Z como astro pop, mas tem vários problemas estruturais


THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL A INDIO (EUA)

UMA ESBÓRNIA para quem gosta de música pop, o festival Coachella montou sua 11ª edição no último final de semana, na Califórnia. O que dá para tirar do que se viu ali? Bem, primeiro: Jay-Z não é apenas um rapper de sucesso, mas um dos melhores entertainers do planeta. Segundo: bandas como Hot Chip e LCD Soundsystem são mestres na tarefa de produzir música orgânica e muito dançante. Terceiro: o Coachella cresceu demais.
Pelo menos para nós, brasileiros, o Coachella era um parâmetro de evento bem organizado. Essa fama ruiu neste ano. Culpa dos promotores, que colocaram 80 mil pessoas por dia no festival. Nos anos anteriores, eram 60 mil, 65 mil.
Como consequência, formaram-se congestionamentos gigantescos na chegada e na saída do local. E as três tendas (havia ainda dois palcos) ficaram superlotadas em vários shows (La Roux, Florence & the Machine, Grizzly Bear, Major Lazer...) Mesmo com os defeitos, o Coachella desenhou um belo panorama da música pop neste 2010.
Talvez o principal destaque desta edição tenha sido Jay-Z. Acostumado a apresentar-se para público de rap, o cantor está claramente procurando diversificar seu público. Não à toa topou tocar no Coachella, um festival majoritariamente branco e de classe média.
Jay-Z foi visto por uma multidão (60 mil pessoas, talvez?), e a colocou nas mãos ao misturar batidas e rimas do rap com melodias e arranjos pop. E, para mostrar que estava entrosado com o público, ele foi visto em vários shows do festival, como das bandas XX, Beach House, Dirty Projectors e Passion Pit.

 


Este Coachella foi também um festival de redenção para artistas veteranos. Gente como Devo, The Specials, Gil Scott-Heron, PIL, Faith No More e os heróis eletrônicos Orbital realizaram apresentações elogiadas.

 


Atentos ao grande público de fora dos EUA que atende o Coachella, os organizadores chamaram artistas como Babasonicos (Argentina), Aterciopelados (Colômbia), Zoe (México), a cantora Céu (Brasil). Mas quem surpreendeu foi a banda porto-riquenha Calle 13. Com eles, o reggaeton vira música do momento.

 


Com faixas de seu terceiro disco, que está para ser lançado, o LCD Soundsystem mostrou que é dos nomes que tentam criar algo original no rock atual. Baixo, teclado e bateria criavam uma massa sonora dançante e vibrante. Algo parecido com o que foi o show do Hot Chip, grupo que tornou-se exímio em criar faixas dançantes com um delicioso tempero pop.

 


Rock de veia funk. Assim é o Gossip ao vivo. A banda, que já cancelou duas visitas ao Brasil, virá "de qualquer jeito" ao país neste ano. A declaração é da vocalista Beth Ditto.

thiago.ney@uol.com.br


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