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CRÍTICA
Cantor e Bajofondo evocam lamúrias platinas
SYLVIA COLOMBO
EDITORA DO FOLHATEEN
Há quem diga que, se estivesse
vivo, Astor Piazzolla (1921-1992)
encabeçaria o Bajofondo Tango
Club. Não chega a ser exagero, se
pensarmos que o legado do mítico artista foi ter transformado um
gênero popular argentino em música internacional e refinada, e o
que tentam hoje esses novos criadores é dar a esse mesmo tango
roupas modernas e globalizadas.
Em "Bajofondo Tango Club",
computadores convivem com
bandoneon, contrabaixo e violinos. Por trás das máquinas, estão
o argentino Gustavo Santaolalla,
principal produtor de pop latino-americano (Café Tacuba, Molotov, Juanes e muitos outros), e o
uruguaio Juan Campodónico. O
disco passeia pelo drum'n'bass, o
hip hop e utiliza alguns samples,
como o que traz de volta a voz soturna e poderosa de um dos grandes cantores do tango argentino,
Roberto Goyeneche (1926-1997).
A roupagem sofisticada da eletrônica causa, entretanto, uma
sensação de esvaziamento do tom
nostálgico do tango. Mas é curioso notar que é justamente quando
o tango canção é evocado que o
disco se destaca -acontece nas
faixas "Mi Corazón" e "Perfume".
A mescla de eletrônica e sons regionais também aparece em
"Eco", do uruguaio Jorge Drexler,
produzido por seu conterrâneo, o
supracitado Juan Campodónico.
Aqui, porém, a mistura é mais diluída. Além das sonoridades do
Rio da Prata, participam do caldo
ecos da bossa nova, de uma influência "caetânica" e uma percussão à brasileira, encarnada na
participação de Marcos Suzano.
Sutil e suave, o álbum peca pela
falta de ousadia e de arroubo musical, mas boas surpresas residem
sobretudo nas belas e engenhosas
letras, como em "Guitarra y Vos",
a melhor canção do CD (hay escritas infinitas palabras/ zen gol
bang rap Dios fin).
Eco
Artista: Jorge Drexler
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 35, em média
Bajofondo Tango Club
Artista: Bajofondo Tango Club
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 35, em média
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