São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2004

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AUDIOVISUAL

Faltam fatias no "Mercado do Cinema"

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

"O Mercado do Cinema", que a Rede SescSenac exibe hoje (20h), consiste, em suma, de uma questão: qual é o espaço do filme brasileiro em seu país? A resposta ensaiada é lacunar, insatisfatória.
O programa começa remontando a 1998, com entrevistas com profissionais do dito mercado, feitas naquele ano. A data não deixa de interessar, pela coincidência com dois episódios notáveis. Estávamos nos primórdios do formato multiplex (introduzido em 1997) no país e diante de um êxito nacional raro, aqui e lá fora: "Central do Brasil", de Walter Salles.
Nesse contexto, Paulo Sérgio Almeida, editor do boletim especializado Filme B, refere o plano das cadeias multiplex de investir "US$ 700 milhões, nos próximos cinco anos", a se materializarem na abertura de "mil salas".
Embora conte com um apresentador a entrelaçar seus tópicos, "O Mercado do Cinema" deixa escapar a oportunidade de informar se o plano se concretizou ou não.
O espectador fica, portanto, sem a referência de que, entre 1997 e 2003, foram abertas 546 salas multiplex no Brasil, com estimados R$ 600 milhões investidos.
Mais adiante, uma entrevistada identificada como "coordenadora de abertura multiplex" diz que o cinema brasileiro sempre terá espaço aberto na rede, que se supõe de origem norte-americana.
E o programa perde outra chance de um importante registro -a produção nacional tem garantia de ocupação nas telas do país, com o mecanismo da "cota de tela", cujo número mínimo de dias de exibição do filme nacional é fixado por decreto anual, sujeitando a multa quem o descumprir.
O viés de confundir ao tentar esclarecer acentua-se no final, quando, apenas com as informações do programa, pouco se entende (nem se comprova) a acusação do fotógrafo Walter Carvalho de que "Amarelo Manga" (Cláudio Assis, 2003) foi "criminosamente tirado de cartaz", para dar lugar a filme estrangeiro.


O MERCADO DO CINEMA. Quando: hoje, às 20h, na rede SescSenac.


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