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AUDIOVISUAL
Faltam fatias no "Mercado do Cinema"
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
"O Mercado do Cinema", que a
Rede SescSenac exibe hoje (20h),
consiste, em suma, de uma questão: qual é o espaço do filme brasileiro em seu país? A resposta ensaiada é lacunar, insatisfatória.
O programa começa remontando a 1998, com entrevistas com
profissionais do dito mercado,
feitas naquele ano. A data não deixa de interessar, pela coincidência
com dois episódios notáveis. Estávamos nos primórdios do formato multiplex (introduzido em
1997) no país e diante de um êxito
nacional raro, aqui e lá fora: "Central do Brasil", de Walter Salles.
Nesse contexto, Paulo Sérgio
Almeida, editor do boletim especializado Filme B, refere o plano
das cadeias multiplex de investir
"US$ 700 milhões, nos próximos
cinco anos", a se materializarem
na abertura de "mil salas".
Embora conte com um apresentador a entrelaçar seus tópicos, "O
Mercado do Cinema" deixa escapar a oportunidade de informar
se o plano se concretizou ou não.
O espectador fica, portanto,
sem a referência de que, entre
1997 e 2003, foram abertas 546 salas multiplex no Brasil, com estimados R$ 600 milhões investidos.
Mais adiante, uma entrevistada
identificada como "coordenadora
de abertura multiplex" diz que o
cinema brasileiro sempre terá espaço aberto na rede, que se supõe
de origem norte-americana.
E o programa perde outra chance de um importante registro -a
produção nacional tem garantia
de ocupação nas telas do país,
com o mecanismo da "cota de tela", cujo número mínimo de dias
de exibição do filme nacional é fixado por decreto anual, sujeitando a multa quem o descumprir.
O viés de confundir ao tentar esclarecer acentua-se no final,
quando, apenas com as informações do programa, pouco se entende (nem se comprova) a acusação do fotógrafo Walter Carvalho de que "Amarelo Manga"
(Cláudio Assis, 2003) foi "criminosamente tirado de cartaz", para
dar lugar a filme estrangeiro.
O MERCADO DO CINEMA. Quando:
hoje, às 20h, na rede SescSenac.
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