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58º FESTIVAL DE CANNES
Premiação acontece hoje à noite; "Caché", do cineasta austríaco, é escolhido pela crítica internacional e por Júri Ecumênico
Haneke e Wenders lideram competição
ALCINO LEITE NETO
ENVIADO ESPECIAL A CANNES
"Caché" (escondido), drama filmado em Paris pelo diretor austríaco Michael Haneke, e "Don't
Come Knockin'" (entre sem bater), do alemão Wim Wenders,
são os filmes com mais chances de
ganhar a Palma de Ouro do Festival de Cannes, nas apostas da crítica internacional.
O filme de Haneke já arrebatou
alguns troféus: ontem foi o escolhido da crítica internacional (Fipresci) e levou também o prêmio
do Júri Ecumênico.
Outras premiações paralelas foram divulgadas em Cannes. O
prêmio da mostra Um Certo
Olhar, na qual concorriam dois
longas brasileiros, foi para "A
Morte do Sr. Lazarescu", do romeno Cristi Puiu. "Cidade Baixa",
de Sérgio Machado, venceu o Prêmio da Juventude.
A 58ª edição do evento começou no dia 11 e terminou ontem,
com a exibição do belo filme
"Three Times" (três vezes), de
Hou Hsiao Hsien. Hoje, serão
anunciados os vencedores em
uma cerimônia de gala que começa às 19h30 (14h30 em Brasília).
No contexto do festival, os filmes de Haneke e Wenders são os
que mais bem se adequariam, entre os 21 concorrentes, ao gosto cinematograficamente conservador da maioria do júri presidido
pelo cineasta sérvio Emir Kusturica e composto pela escritora norte-americana Toni Morrison, os
atores Javier Barden (espanhol),
Salma Hayek (mexicana) e Nandita Das (indiana), além dos diretores Fatih Akin (alemão), John
Woo (chinês), Benoît Jacquot e
Agnès Varda (franceses).
Os filmes "L'Enfant" (a criança), dos irmãos Jean-Pierre e Luc
Dardenne, "Broken Flowers" (flores partidas), de Jim Jarmusch, e
"O Anjo da Morte", de David Cronenberg, também estão na linha
de frente da premiação. Exibido
na primeira semana, "Last Days
(últimos dias), de Gus van Sant,
teve suas chances diminuídas no
decorrer do evento.
Filmes com abordagens mais
sociais devem agradar a uma boa
parte do júri, cuja obra tem viés
político, como a de Kusturica, Toni Morrison e Agnès Varda. Nesse
caso, existe alguma chance para o
provocativo "Manderlay", do dinamarquês Lars von Trier, cuja
reflexão sobre escravatura nos
EUA pode interessar a Morrison,
que é afro-americana -mais
provável é que o filme leve algum
prêmio de interpretação.
Haneke tem a vantagem de conciliar bom cinema com drama doméstico, enfoque político e sátira
social. "Caché" narra a história de
um apresentador de TV que começa a receber fitas de vídeo com
flagrantes de sua vida. Ao buscar a
origem das fitas, ele acaba se deparando com dois recalques do
passado -o seu próprio e o da
França.
É muito provável que um ator
americano leve o prêmio de interpretação. Os americanos dominaram o festival em emocionantes
performances, como as de Bill
Murray ("Broken Flowers"), Michael Pitt ("Last Days"), Sam Shepard ("Don't Come Knockin'") e
Danny Glover ("Manderlay"). O
melhor ator francês em atividade,
Daniel Auteil, presente em dois
filmes ("Caché" e "Peindre ou
Faire L'Amour", dos irmãos Larrieu), é outro nome forte.
Poderoso rival é o ótimo ator Jérémie Renier, de "L'Enfant" -filme que pode levar ainda o prêmio
de atuação feminina (Déborah
François). Outras cotadas são Juliette Binoche ("Caché"), Maria
Bello ("O Anjo da Morte"), Charlotte Rampling e Charlotte Gainsbourg ("Lemming", de Dominik
Noll), Sabine Azema ("Peindre ou
Faire L'Amour") e a maravilhosa
Mona Hammond ("Manderlay").
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