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Crítica
Comédia atualiza a vontade de controlar o outro
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Robert de Niro faz o pai da
moça em "Entrando numa
Fria" (Telecine Emotion,
17h45), e quem entra na fria em
questão é Ben Stiller, pois De
Niro é um ex-agente da CIA (ou
algo semelhante) e vive cercado
de escutas e aparelhos eletrônicos para bisbilhotar os outros.
A comédia dirigida por Jay
Roach trabalha a partir de um
bom princípio: certas atividades, como essa de bisbilhotar a
vida alheia, devem-se mais a
um gosto pessoal do que profissional. Uma vez fora de serviço,
o espião espiona a filha, a mulher, os vizinhos.
Ele é um ser conservador, é
evidente. Este, aliás, é o lado
mais óbvio do filme. Poderia ir
mais longe: o desejo de controlar o outro por engenhocas cada vez mais sofisticadas é partilhado democraticamente por
direita e esquerda, situação e
oposição. O mundo que se
apresenta a nós é povoado de
escutas, câmeras ocultas ou
não. O De Niro do filme não é
apenas um reacionário paranóico. Ele tem a cara do mundo
que se apresenta a nós.
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