São Paulo, segunda-feira, 21 de maio de 2007

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Crítica

Comédia atualiza a vontade de controlar o outro

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Robert de Niro faz o pai da moça em "Entrando numa Fria" (Telecine Emotion, 17h45), e quem entra na fria em questão é Ben Stiller, pois De Niro é um ex-agente da CIA (ou algo semelhante) e vive cercado de escutas e aparelhos eletrônicos para bisbilhotar os outros.
A comédia dirigida por Jay Roach trabalha a partir de um bom princípio: certas atividades, como essa de bisbilhotar a vida alheia, devem-se mais a um gosto pessoal do que profissional. Uma vez fora de serviço, o espião espiona a filha, a mulher, os vizinhos.
Ele é um ser conservador, é evidente. Este, aliás, é o lado mais óbvio do filme. Poderia ir mais longe: o desejo de controlar o outro por engenhocas cada vez mais sofisticadas é partilhado democraticamente por direita e esquerda, situação e oposição. O mundo que se apresenta a nós é povoado de escutas, câmeras ocultas ou não. O De Niro do filme não é apenas um reacionário paranóico. Ele tem a cara do mundo que se apresenta a nós.


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