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Maestro é dono de rigor e transparência
da Reportagem Local
A Filarmônica de Nova York,
fundada em 1842, é a mais antiga
orquestra norte-americana e uma
das mais antigas do mundo. Conseguiu, mais do que qualquer outra nos Estados Unidos, incorporar à sua cultura interna o padrão
técnico trazido pelas sucessivas
ondas de músicos imigrantes europeus.
Já foi regida por Gustav Mahler,
Anton Dvorak, Richard Strauss,
Bruno Walter, Arturo Toscanini e
Wilhelm Furtwaengler. Praticamente a coletânea de todos os
grandes nomes deste século.
Seus últimos diretores musicais
foram Leonard Bernstein, Pierre
Boulez e Zubin Mehta.
Kurt Masur foi nomeado diretor
em fins de 1991, depois de uma revolta dos músicos, que consideravam Mehta um maestro superficial. Masur levava consigo um dos
mais densos currículos entre os regentes da ex-Alemanha Oriental.
Passou pelo Teatro de Leipzig,
pela Filarmônica de Dresde e pela
Ópera Cômica de Berlim, antes de
se fixar novamente em Leipzig,
desta vez por 21 anos, como diretor da excelente Gewandhaus, orquestra que no século passado teve
Mendelssohn entre seus diretores.
Na Gewandhaus, tornou-se
mundialmente conhecido o "estilo Masur": ênfase nas cadências
mais lentas para realçar a idéia de
profundidade, transparência no
uníssono de cada naipe de cordas,
nenhum apego demagógico aos
acordes ou à percussão.
Tornou-se um dos mestres na
execução das sinfonias de Mahler.
Fez as sinfonias de Beethoven com
lentidão e uma incrível voltagem.
Tem uma visão quase filosófica da
"Quarta Sinfonia" de Brahms, na
qual tenha sido talvez o único a se
aproximar das versões imbatíveis
de Toscanini e Carlos Kleiber.
Masur é um músico perfeito em
seu gênero, que -em 92, com a
Filarmônica de Nova York- deixou os paulistanos de respiração
presa com sua "Quarta" de
Bruckner, um dos momentos mais
ricos na história das temporadas
da Sociedade de Cultura Artística.
Kurt Masur é também uma personalidade política. Em 89, ainda
na Alemanha, foi uma das personalidades de Leipzig que mediou
uma trégua nos confrontos de rua
e a transferência do poder aos
não-comunistas.
(JOÃO BATISTA NATALI)
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