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CRÍTICA
O melhor filme do ano
SÉRGIO DÁVILA
Editor da Ilustrada
Um dia, Gregor Samsa não acordou metamorfoseado num inseto
repugnante. Ele despertou e se viu
controlado por artrópodes nojentos. Cibernéticos. A Terra também.
Seu nome era Neo, e o futuro da
humanidade dependia dele.
Esta é a premissa do melhor filme
do ano até agora, a ficção cyberpunk "Matrix", que estréia hoje no
Brasil. O herói, Neo (Keanu Reeves), é um hacker com uma tarefa
messiânica que luta kung-fu.
No centro da ação está a Matrix
do título, um simulacro ideal do
que seria a Terra, na verdade controlada por máquinas dotadas de
inteligência artificial, que usam/
sugam humanos como energia.
Neo "acorda" para a realidade
pelas mãos de Morpheus (Laurence Fishburne). Então, lidera a resistência dos homens. O princípio
não é mais o verbo, mas uma profusão de zeros e uns.
Na platéia, você gruda na cadeira, tenta captar todas as referências
(veja quadro nesta página) e só
volta a respirar 144 minutos depois. As citações vão de Jesus Cristo a Uri Gueller, passando por James Joyce e "Arquivo X". Uau!
É a segunda obra dos irmãos norte-americanos Andy e Larry Wachowski, que antes só dirigiram o
thriller lésbico "Ligadas pelo Desejo" (escreveram também o roteiro
de "FormiguinhaZ"). Em talento e
originalidade, já são os sucessores
dos irmãos Coen.
Há tantos segredos plantados pelos próprios criadores do filme que
até o site oficial (www.whatisthematrix.com) tem acessos escondidos, com senhas improváveis, e
mesmo os créditos finais no cinema são um mar de pegadinhas.
Este cult(o) ao filme faz multiplicarem as páginas na Internet e reportagens nas revistas especializadas, com sites que abordam desde
de onde vêm e como comprar os
óculos sem aro de Morpheus (são
da Blinde Optics, de San Francisco,
não estão à venda) até a origem do
modelo do celular mágico com que
eles se comunicam (uma adaptação do Nokia 8800, chega ao mercado em julho), passando pela música que Neo ouve quando dorme
("Dissolved Girl", do grupo de trip
hop Massive Attack).
Não há nada mais anos 90 que
"Matrix" -é o "Blade Runner" da
década, o que teria acontecido se
aqueles andróides tivessem vencido. Põe juntas como nunca antes a
cultura pop e a ansiedade religiosa
do final do milênio.
E seus diretores e autores, os irmãos Debi e Lóide Wachowski, são
a prova do que pode fazer, depois
de anos de leite A, sucrilhos e televisão, a geração de Littleton quando bem encaminhada.
Avaliação:
Filme: Matrix
Produção: EUA, 1998
Direção: The Wachowski Brothers (Andy e
Larry)
Com: Keanu Reeves, Laurence Fishburne
Quando: a partir de hoje nos cines Center 3,
Butantã 1 e circuito
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