São Paulo, Sexta-feira, 21 de Maio de 1999
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Série em quadrinhos originou filme

PAOULA ABOU-JAOUDE
em Los Angeles

Leia a seguir entrevista dos irmãos Larry e Andy Wachowski, diretores de "Matrix", e do produtor Joel Silver.

Folha - Como surgiu o conceito de "Matrix"?
Larry Wachowski -
Foi uma síntese de muitas coisas de que falávamos e idéias que já tínhamos havia muito tempo. Queríamos fazer um filme inteligente de ação, quando nos pediram para escrever um roteiro para uma série em quadrinhos. Quando a idéia começou a tomar forma, não demorou para que tivéssemos certeza de que ela deveria resultar em um filme.
Folha - Uma vez pronto o roteiro, foi fácil vender a idéia?
Andy Wachowski -
Na verdade, foi duro. O roteiro era muito denso, havia um tom meio de tese universitária nele. Mas a Warner teve paciência conosco e nos permitiu chamar um par de amigos ilustradores para desenhar a história. Quando a Warner viu os desenhos de produção, começou a entender a idéia.
Folha - Joel, você comprou a idéia na hora ou teve que pensar?
Joel Silver -
Eu estava contente porque os irmãos Wachowski me perdoaram. Já tínhamos trabalhado juntos, sobre um roteiro deles, e eu fiz um trabalho horrível. O filme não saiu bom, mas eles são otimistas tão militantes que me deram acesso a esse novo roteiro, "Matrix". Quando o li, pensei: "É o filme que eu gostaria de ver".
Folha - E quanto a confiar esse filme de ficção científica de grosso calibre a diretores que só tinham dirigido um filme?
Silver -
Eles estavam incrivelmente preparados. Sabiam exatamente o que queriam, o que é raro entre diretores. Diretores costumam ir ao set e ficar quebrando a cabeça: "Agora, o que vamos fazer?". É assim que se está filmando hoje. Mas os dois foram hábeis em desenvolver o material da forma como eles sabiam que poderiam dirigir. O estúdio percebeu que eles estavam preparados e sabiam o queriam e disse "vão em frente".
Folha - Por que vocês escolheram kung-fu para as cenas de luta, em vez do padrão de socos?
Andy -
Porque é muito melhor! Fica com muito mais energia do que no corpo-a-corpo tradicional de filmes de faroeste. No estilo tradicional, em geral é na mesa de edição que a luta toma forma. Mas, à la Hong Kong, você recua a câmara, enquadra os atores trocando golpes e pulando seis metros no ar e está feito. Você retrata claramente a geografia e o balé da luta.
Folha - E quanto à sequência do vôo da bala? Como foi feita?
Larry -
Ah, isso é segredo militar. Você teria que ser eliminada se descobrisse (risos).
Larry - Foi feito por meio de um processo de pós-produção inventado pela Manics Video Effects. Eles criaram uma técnica alternativa de animação. Usam-se câmaras fotográficas para registrar um objeto real, nos locais onde ele estaria de tantos em tantos fotogramas. O computador preenche a continuidade, calculando como seria a imagem do objeto nos fotogramas intermediários. Assim, um objeto muito rápido pode ser mostrado em câmara extremamente lenta. E o processo é tridimensional, podemos mover a câmara ao redor.
Folha - E quanto ao desafio da direção, aconteceu como você esperava?
Andy -
Foi uma experiência exaustiva. A fotografia deu mais trabalho do que esperávamos. Filmamos durante 118 dias, e isso cansa, não? Fazer um filme é dividir algo grande em pedacinhos...


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