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Série em quadrinhos originou filme
PAOULA ABOU-JAOUDE
em Los Angeles
Leia a seguir entrevista dos irmãos Larry e Andy Wachowski, diretores de "Matrix", e do produtor
Joel Silver.
Folha - Como surgiu o conceito
de "Matrix"?
Larry Wachowski - Foi uma síntese de muitas coisas de que falávamos e idéias que já tínhamos havia
muito tempo. Queríamos fazer um
filme inteligente de ação, quando
nos pediram para escrever um roteiro para uma série em quadrinhos. Quando a idéia começou a
tomar forma, não demorou para
que tivéssemos certeza de que ela
deveria resultar em um filme.
Folha - Uma vez pronto o roteiro,
foi fácil vender a idéia?
Andy Wachowski - Na verdade,
foi duro. O roteiro era muito denso, havia um tom meio de tese universitária nele. Mas a Warner teve
paciência conosco e nos permitiu
chamar um par de amigos ilustradores para desenhar a história.
Quando a Warner viu os desenhos
de produção, começou a entender
a idéia.
Folha - Joel, você comprou a
idéia na hora ou teve que pensar?
Joel Silver - Eu estava contente
porque os irmãos Wachowski me
perdoaram. Já tínhamos trabalhado juntos, sobre um roteiro deles, e
eu fiz um trabalho horrível. O filme
não saiu bom, mas eles são otimistas tão militantes que me deram
acesso a esse novo roteiro, "Matrix". Quando o li, pensei: "É o filme que eu gostaria de ver".
Folha - E quanto a confiar esse filme de ficção científica de grosso
calibre a diretores que só tinham
dirigido um filme?
Silver - Eles estavam incrivelmente preparados. Sabiam exatamente o que queriam, o que é raro
entre diretores. Diretores costumam ir ao set e ficar quebrando a
cabeça: "Agora, o que vamos fazer?". É assim que se está filmando
hoje. Mas os dois foram hábeis em
desenvolver o material da forma
como eles sabiam que poderiam
dirigir. O estúdio percebeu que
eles estavam preparados e sabiam
o queriam e disse "vão em frente".
Folha - Por que vocês escolheram
kung-fu para as cenas de luta, em
vez do padrão de socos?
Andy - Porque é muito melhor!
Fica com muito mais energia do
que no corpo-a-corpo tradicional
de filmes de faroeste. No estilo tradicional, em geral é na mesa de edição que a luta toma forma. Mas, à
la Hong Kong, você recua a câmara, enquadra os atores trocando
golpes e pulando seis metros no ar
e está feito. Você retrata claramente a geografia e o balé da luta.
Folha - E quanto à sequência do
vôo da bala? Como foi feita?
Larry - Ah, isso é segredo militar.
Você teria que ser eliminada se
descobrisse (risos).
Larry - Foi feito por meio de um
processo de pós-produção inventado pela Manics Video Effects.
Eles criaram uma técnica alternativa de animação. Usam-se câmaras
fotográficas para registrar um objeto real, nos locais onde ele estaria
de tantos em tantos fotogramas. O
computador preenche a continuidade, calculando como seria a imagem do objeto nos fotogramas intermediários. Assim, um objeto
muito rápido pode ser mostrado
em câmara extremamente lenta. E
o processo é tridimensional, podemos mover a câmara ao redor.
Folha - E quanto ao desafio da direção, aconteceu como você esperava?
Andy - Foi uma experiência
exaustiva. A fotografia deu mais
trabalho do que esperávamos. Filmamos durante 118 dias, e isso
cansa, não? Fazer um filme é dividir algo grande em pedacinhos...
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