São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2000


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EXPOSIÇÃO
Museu Nacional de Belas Artes reúne jóias produzidas por Marie-Etienne Nitot, fundador da Maison Chaumet
Rio recebe peças do joalheiro de Napoleão

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

Dezembro de 1804. Na catedral de Notre Dame de Paris, Napoleão Bonaparte coroa-se imperador. Sobre a cabeça, como sinal de sua realeza, coloca uma coroa criada por seu joalheiro oficial, Marie-Etienne Nitot.
Um pouco da arte de Nitot, fundador da Maison Chaumet, pode ser vista a partir de hoje em uma exposição no MNBA (Museu Nacional de Belas Artes, no centro do Rio). A coroa de Napoleão, hoje no acervo do Louvre, está presente em um guache, a partir do qual Nitot criou a coroa.
A exposição conta, por meio de várias jóias expostas, a trajetória da Chaumet - e da arte da joalheria francesa- do final do século 18 aos nossos dias.

Personagem
São 53 jóias históricas, relacionadas de alguma maneira com a história francesa, 13 quadros onde são reproduzidos trabalhos feitos pela Chaumet ao longo dos anos, 30 peças do que se chama de "alta joalheria" -peças contemporâneas, feitas com o mesmo requinte de roupas de alta costura, onde o avesso precisa ser tão perfeito quanto o lado exposto- e 60 réplicas de diademas.
"Montamos poucas exposições como esta. A intenção foi mostrar as transformações das jóias a partir de movimentos históricos", disse Béatrice de Plinval, diretora de Patrimônio da Maison Chaumet e curadora da exposição "Alta Joalheria Francesa: Chaumet do Império aos Nossos Dias."
Conta a história que Nitot, mestre-ourives francês desde 1783 e fiel seguidor de Napoleão Bonaparte, caiu nas graças do futuro imperador ao conseguir controlar o cavalo do então primeiro cônsul, que havia disparado pelas ruas de Paris.
A partir daí, tornou-se joalheiro oficial de Napoleão. Várias jóias feitas por ele foram dadas como presente pelo imperador às imperatrizes Joséphine e Marie-Louise.
Um par de pulseiras de ouro e rubis, feitas para a imperatriz Marie-Louise, está entre as jóias da exposição.
"Na época criou-se o que ficou conhecido como "estilo império". Napoleão havia ressuscitado a França depois da revolução e nobres ingleses vinham ao país para reformar suas jóias", conta Plinval.
A exposição mostra ainda desenhos feitos pela Chaumet para a criação de jóias para marajás indianos. A procura constante dos nobres da Índia pela Chaumet acabou levando a joalheria a criar um estilo, influenciando a arte da joalheria no início do século 20.

Valor
Há peças interessantes por sua história, como a pulseira dada de presente por um nobre para sua noiva, filha de um industrial do setor de metalurgia -especializado na fabricação de canhões de guerra. Na pulseira, toda em ouro, é reproduzido um objeto semelhante a um canhão.
"As pequenas histórias das peças montam um pedaço da história da França", diz a curadora da exposição.
A mostra prossegue até chegar à arte da joalheria moderna. O destaque é um colar criado para celebrar a chegada do ano 2000. A jóia tem incrustados 2.500 diamantes.
Solícitos em falar sobre as jóias e sua história, os organizadores da exposição se fecham em copas quando perguntados sobre o valor das jóias e sobre as medidas de segurança que cercam a exposição. "As jóias são únicas, não se pode falar em valor. E a segurança é suficiente para que as tenhamos aqui", desconversa Béatrice de Plinval.


Exposição: Alta Joalheria Francesa: Chaumet do Império aos Nossos Dias Onde: sala Bernardelli, Museu Nacional de Belas Artes (av. Rio Branco, 199, centro, tel: 0/xx/21/240-0068) Quando: de hoje a 12 de julho; de terça a sexta, das 10h às 18h; sábados e domingos, das 14h às 18h Quanto: R$ 5; grátis aos domingos e para estudantes da rede pública uniformizados e para maiores de 65 anos

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