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RELÂMPAGOS
Estada
JOÃO GILBERTO NOLL
Bateu na porta. Era uma casa de vila no Catete. Ao pé de
uma pedreira que calçara metade do Rio. Não lembrava
onde tinha lido a informação.
Bateu mais. Um vizinho contíguo abriu sua janela.
"Hein?", perguntou. "Não!,
preciso é falar com ela aqui",
respondeu áspero, como se o
outro quisesse entrar no circuito exíguo entre ele e a mulher cujo simples nome lhe
franqueava uma espécie de
último desejo. Não esse que
se costuma extrair de um moribundo, coisa que ele não esperava ser. Um último desejo
de outra paragem: vontade de
ganhar de alguém certa ausência inesperada, a prova de
que não é preciso ter mais,
voltando assim mais pobre
ainda para onde quem sabe já
nem se possa voltar. Ou não;
talvez sentar na sombra limpa
do degrau de pedra -e ficar...
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