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Mudança pode aumentar concentração na mídia
DA REDAÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
A emenda constitucional do capital estrangeiro pode aumentar a
concentração da mídia, segundo
analistas consultados pela Folha.
Isso porque a regra atual que limita o número de concessões de
rádio e TV por pessoa física pode
ser flexibilizada na regulamentação da nova lei. É possível que
uma mesma empresa possa ter
mais emissoras do que hoje é permitido para cada pessoa física.
O ministro das Comunicações,
Juarez Quadros, já declarou que o
atual limite de concessões deverá
ser "flexibilizado". "Pode ocorrer
alguma alteração [no número de
concessões", mas não sei se aumentaria a concentração", afirmou o ministro, em entrevista à
Folha, por e-mail.
Para Murilo Ramos, professor
da Universidade de Brasília especialista em política de comunicação, a lei foi feita "de uma maneira
absurda e tende a concentrar ainda mais o poder na mídia brasileira". Ele afirma ainda que a questão regulatória tende a afastar o
investidor estrangeiro.
"A legislação da radiodifusão no
Brasil é uma colcha de retalhos
que só favorece o poder hegemônico. Temos essa nova emenda
constitucional, um decreto para a
TV por satélite, uma lei específica
para a TV a cabo, a lei geral de telecomunicações... Qual investidor
estrangeiro se sentirá confortável
nesse cenário? Tudo isso só favorece os interesses locais dos grupos mais poderosos", diz.
Conteúdo nacional
Mesmo com a liberação do capital estrangeiro, a lei obriga que
70% do controle acionário das
emissoras de rádio e televisão estejam nas mãos de brasileiros natos ou naturalizados.
Mas, na opinião de alguns juristas, isso não garante que o controle não passe totalmente a uma
empresa estrangeira, que pode
usar representantes brasileiros na
defesa de seus interesses. "Seria
importante que houvesse um órgão que regulasse e fiscalizasse o
setor", diz Ramos.
O ministro das Comunicações
disse que "a regulamentação deverá tratar dessa questão com detalhes que serão amplamente discutidos com a sociedade".
É provável que o governo defina
cotas obrigatórias de programação nacional, para evitar uma invasão de enlatados com a eventual chegada do capital estrangeiro. "Mesmo que se definam cotas,
será muito difícil controlar os rumos da programação", afirma
Ramos. (DC e LM)
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