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Livro investiga valas comuns de Franco
"Revirar todo esse passado é muito doloroso", diz historiador
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM BARCELONA
Membro do partido de oposição Izquierda Republicana, Emilio Silva Faba, 37, foi preso e fuzilado com outros 15 companheiros
pelas tropas franquistas no dia 16
de outubro de 1936, no pequeno
povoado de Villafranca del Bierzo, na província de León. Um sobrevivente da chacina contou o
ocorrido à mulher de Silva. A história então foi silenciada. Nenhum dos filhos do casal soube
exatamente o que ocorrera.
Até que o neto mais velho, o jornalista e historiador Emilio Silva,
começou a rebuscar os arquivos
da família. Com a ajuda do arqueólogo Julio Vidal e as indicações de Francisco Cubrero, um
senhor de 85 anos que foi obrigado a ajudar a enterrar os corpos
na ocasião, encontrou, no dia 28
de outubro de 2000, os restos
mortais do avô.
Um complexo teste de DNA
confirmou a identidade do velho
republicano. Os seis filhos de Silva
Faba puderam então enterrar o
corpo do pai junto ao túmulo da
mãe. Pela primeira vez, o cadáver
de uma vítima da Guerra Civil Espanhola e da repressão franquista
foi tirada de uma fossa comum e
levada a um cemitério.
O caso provocou alvoroço. Silva
começou a ser procurado por milhares de familiares de republicanos mortos ou desaparecidos. Em
Madri, fundou a Associação para
a Recuperação da Memória Histórica. Até agora, já foram abertas
40 fossas comuns e identificados
106 corpos em todo o território
espanhol. E as buscas continuam.
"Existe um vazio em parte da história de muitas famílias espanholas", afirma Silva. "Queremos ajudá-las a resgatar essa memória."
Estima-se que entre 30 e 35 mil
espanhóis foram enterrados em
valas comuns. Silva conta sua luta
pessoal em "Las Fosas de Franco". Para ele, a maior dificuldade
no trabalho ainda é o silêncio.
"Durante décadas não se falou sobre isso. Revirar todo esse passado é um processo doloroso."
(IP)
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