São Paulo, domingo, 21 de junho de 2009

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Cópias do livro serão dadas a amigos

DA REPORTAGEM LOCAL

Lúcia Moreira Salles é lembrada como "uma esteta, uma mulher cultíssima". "Mesmo que ela tenha pertencido ao mundo da moda, que muita gente relaciona com frivolidade, ela se interessava por literatura. Falava cinco línguas perfeitamente", lembra Juan Pablo Queiroz.
Ele conheceu Lúcia quando fotografou seu apartamento na avenida Atlântica, no Rio, para um livro. Depois foram vizinhos em Nova York e se tornaram amigos íntimos. Foi dele, aliás, a ideia de reproduzir o volume de Wilde, surgida num jantar.
"Eu lembro um jantar em que ela recitou "Vou-me Embora pra Pasárgada" inteirinho de memória", diz Queiroz, que cuidou das 525 edições do volume de Wilde. "Ela tinha um gosto bastante eclético por literatura, gostava de Manuel Bandeira, Guimarães Rosa, Oscar Wilde, até J.M. Coetzee."
"Ela sempre falava de seu amor por livros, tinha também uma edição rara de Proust", lembra Christine Nelson, curadora da Morgan Library, que recebeu o volume de Wilde.
Nascida em Porto Alegre, Lúcia se mudou nos anos 60 para Paris, onde começou a desfilar para Coco Chanel. Depois trabalhou como relações públicas de Valentino. "Tudo que ela fazia era extremamente refinado e elegante", disse o estilista.
Em 1986, Lúcia se casou com o banqueiro Walter Moreira Salles, pai dos cineastas Walter e João.
Pouco antes de morrer, aos 70, ela e Merlin Holland assinaram juntos em Nova York a introdução aos manuscritos de Wilde. Só existe uma cópia física do livro, e as demais serão encadernadas e enviadas a amigos nas próximas semanas, entre eles a atriz Gwyneth Paltrow.
"Pessoas gostam de fazer barulho com dinheiro, mas ela deixou algo de valor permanente no mundo literário", diz Holland. (SM)


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