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Cópias do livro serão dadas a amigos
DA REPORTAGEM LOCAL
Lúcia Moreira Salles é
lembrada como "uma esteta, uma mulher cultíssima". "Mesmo que ela tenha pertencido ao mundo
da moda, que muita gente
relaciona com frivolidade,
ela se interessava por literatura. Falava cinco línguas perfeitamente", lembra Juan Pablo Queiroz.
Ele conheceu Lúcia
quando fotografou seu
apartamento na avenida
Atlântica, no Rio, para um
livro. Depois foram vizinhos em Nova York e se
tornaram amigos íntimos.
Foi dele, aliás, a ideia de
reproduzir o volume de
Wilde, surgida num jantar.
"Eu lembro um jantar
em que ela recitou "Vou-me Embora pra Pasárgada" inteirinho de memória", diz Queiroz, que cuidou das 525 edições do volume de Wilde. "Ela tinha
um gosto bastante eclético
por literatura, gostava de
Manuel Bandeira, Guimarães Rosa, Oscar Wilde,
até J.M. Coetzee."
"Ela sempre falava de
seu amor por livros, tinha
também uma edição rara
de Proust", lembra Christine Nelson, curadora da
Morgan Library, que recebeu o volume de Wilde.
Nascida em Porto Alegre, Lúcia se mudou nos
anos 60 para Paris, onde
começou a desfilar para
Coco Chanel. Depois trabalhou como relações públicas de Valentino. "Tudo
que ela fazia era extremamente refinado e elegante", disse o estilista.
Em 1986, Lúcia se casou
com o banqueiro Walter
Moreira Salles, pai dos cineastas Walter e João.
Pouco antes de morrer,
aos 70, ela e Merlin Holland assinaram juntos em
Nova York a introdução
aos manuscritos de Wilde.
Só existe uma cópia física
do livro, e as demais serão
encadernadas e enviadas a
amigos nas próximas semanas, entre eles a atriz
Gwyneth Paltrow.
"Pessoas gostam de fazer barulho com dinheiro,
mas ela deixou algo de valor permanente no mundo
literário", diz Holland.
(SM)
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