MARCELO NEGROMONTE
da Redação

Nem bem os mais de 800 mil refugiados de origem albanesa voltaram para casa -ou o que restou dela-, com o fim dos ataques da Otan, em Kosovo, Iugoslávia, é lançado o disco "Sem Fronteiras -Em Benefício dos Refugiados de Kosovo", cuja renda será doada para entidades que ajudam vítimas da Guerra nos Bálcãs.
A gravadora Sony adiantou US$ 1 milhão, projetando o desempenho das vendas do disco no mundo inteiro, a três organizações internacionais: Care, Médicos sem Fronteiras e Oxfam.
Dezesseis faixas raras, ao vivo e inéditas de nomes como Pearl Jam (este com duas músicas, "Last Kiss" e "Soldier of Love", disponíveis até então apenas em um single de Natal distribuído a fãs-clubes da banda em 98), Alanis Morrissette, Bush, Oasis, Neil Young, Jamiroquai, Korn, Black Sabbath, Rage against the Machine, entre outros, participam do álbum.
Em cada país onde "Sem Fronteiras" é lançado, duas faixas adicionais de nomes locais integram o disco. No Brasil entraram Mestre Ambrósio, com "Esperança (Na Mata Eu Tenho)", e Dread Lion, banda carioca de reggae, com "Por que Não Paz?". Na Inglaterra, Manic Street Preachers e Suede.
Álbuns beneficentes de rock há aos borbotões, principalmente depois do sucesso estrondoso de "USA for Africa" (85), feito para ajudar os etíopes famintos -que até inspirou um similar nacional em prol dos nordestinos vítimas da seca-, o que torna a "causa", ainda que justa e nobre, apenas mais um apelo comercial para a coletânea, barata de ser produzida.
E, como a imensa maioria de discos-coletânea, a irregularidade desse CD é inevitável, tamanha a disparidade dos artistas reunidos.
Pearl Jam regrava "Last Kiss" (o primeiro single de "Sem Fronteiras"), de J. Frank Wilson & The Cavaliers (64) e o faz ao vivo com "Soldier of Love", primeira música gravada por Arthur Alexander, também já coverizada pelos Beatles, um cha-cha-cha ingênuo e acústico. Para fãs e curiosos.
Um dos pontos altos é "Freak on a Leash", do Korn, banda metal moderníssima, com remix do produtor Butch Vig, do Garbage. Outro é "Go", das Indigo Girls.
Entre as "bombas" estão a de título auto-explicativo "Baba", de Alanis Morissette, "Por que Não Paz", do Dread Lion, "Psycho Man", do Black Sabbath, e "Black Paintings", de Peter Gabriel.
Sacrifício grande, mas louvável.

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