São Paulo, segunda, 21 de julho de 1997.



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Paulista tem material para dois álbuns

da Reportagem Local

Nascido em Tietê (150 km a noroeste de São Paulo), Itamar Assumpção cresceu em Arapongas (PR). Migrante em São Paulo, sobreviveu em empregos vários até explodir a cena da "vanguarda paulistana", fermentada em shows na extinta Lira Paulistana.
"Clementina de Jesus foi doméstica 60 anos, Cartola lavou carros 25 anos, eu sou dessa 'tchurma'. Mas estou dando um passo à frente deles, insistindo em viver de música", compara.
Desenvolveu carreira discográfica identificada a São Paulo ("não sou um sambista, minha música é urbana, sou um compositor moderno"), à vanguarda e ao experimentalismo.
Tal veia lhe valeu o rótulo de "maldito", quase um membro tardio da geração de Jards Macalé, Jorge Mautner, Tom Zé, Luiz Melodia e Walter Franco.
"Macalé é o centro da questão. Fez os arranjos de 'Transa', que me levaram a ouvi-lo. Ele é maestro, só digo isso. Não é um compositor brincando de fazer música. Sabe de música mesmo, fica interpretando os outros, a isso não é dado nenhum valor no Brasil."
Em 88, participou da Documenta de Kassel, na Alemanha, em show comemorativo dos cem anos da abolição da escravatura.
"Músico brasileiro chega lá fora, em Montreux, e vai tocar para brasileiros, é tudo mídia para brasileiro. Eu toco para público europeu, que me aceita mais que o daqui, e ninguém fala nada", diz.
Já nos 90, foi dos primeiros artistas a chamar atenção ao então emergente Chico César. "Ele hoje toca com a Tata, a Simone, que são as Orquídeas. Eu inventei as Orquídeas", afirma.
"Não tem que saber de Chico César, tem que saber de Arrigo Barnabé. Não vou fazer relações públicas, se me falam em Chico César, eu prefiro Djavan."
Entrou em fase de alta produtividade a partir de 93. Lançou quatro discos e tem mais dois semiprontos, para os quais não consegue patrocínio.
"Milton teve que passar por isso para não fazer concessão. Não vou abrir mão, é a minha ancestralidade. Paulinho da Viola está passando por isso, não é o Itamarzinho Assumpçãozinho. O Brasil despreza sua cultura erudita popular."
(PAS)



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