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Paulista tem material para dois álbuns
da Reportagem Local
Nascido em Tietê (150 km a noroeste de São Paulo), Itamar Assumpção cresceu em Arapongas
(PR). Migrante em São Paulo, sobreviveu em empregos vários até
explodir a cena da "vanguarda
paulistana", fermentada em
shows na extinta Lira Paulistana.
"Clementina de Jesus foi doméstica 60 anos, Cartola lavou carros 25 anos, eu sou dessa 'tchurma'. Mas estou dando um passo à
frente deles, insistindo em viver de
música", compara.
Desenvolveu carreira discográfica identificada a São Paulo ("não
sou um sambista, minha música é
urbana, sou um compositor moderno"), à vanguarda e ao experimentalismo.
Tal veia lhe valeu o rótulo de
"maldito", quase um membro
tardio da geração de Jards Macalé,
Jorge Mautner, Tom Zé, Luiz Melodia e Walter Franco.
"Macalé é o centro da questão.
Fez os arranjos de 'Transa', que
me levaram a ouvi-lo. Ele é maestro, só digo isso. Não é um compositor brincando de fazer música.
Sabe de música mesmo, fica interpretando os outros, a isso não é
dado nenhum valor no Brasil."
Em 88, participou da Documenta de Kassel, na Alemanha, em
show comemorativo dos cem anos
da abolição da escravatura.
"Músico brasileiro chega lá fora,
em Montreux, e vai tocar para brasileiros, é tudo mídia para brasileiro. Eu toco para público europeu,
que me aceita mais que o daqui, e
ninguém fala nada", diz.
Já nos 90, foi dos primeiros artistas a chamar atenção ao então
emergente Chico César. "Ele hoje
toca com a Tata, a Simone, que são
as Orquídeas. Eu inventei as Orquídeas", afirma.
"Não tem que saber de Chico
César, tem que saber de Arrigo
Barnabé. Não vou fazer relações
públicas, se me falam em Chico
César, eu prefiro Djavan."
Entrou em fase de alta produtividade a partir de 93. Lançou quatro
discos e tem mais dois semiprontos, para os quais não consegue
patrocínio.
"Milton teve que passar por isso
para não fazer concessão. Não vou
abrir mão, é a minha ancestralidade. Paulinho da Viola está passando por isso, não é o Itamarzinho
Assumpçãozinho. O Brasil despreza sua cultura erudita popular."
(PAS)
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