da Reportagem Local

Baiano de Salvador radicado no Rio de Janeiro, Hyldon despontou com o advento da soul music brasileira, capitaneada por Tim Maia.
Antes de lançar disco próprio, gravou com Tony Tornado, Wilson Simonal e Rosa Maria, compôs para a fase "Maravilhosa" (72) de Wanderléa e produziu trabalhos de Erasmo, Jerry Adriani e Wanderley Cardoso.
" 'Pare de Tomar a Pílula', do Odair José, essas coisas, fui eu quem produziu."
A chegada ao disco próprio, pela PolyGram, foi penosa, segundo ele.
"Gravei um compacto de 'Na Rua, na Chuva...', e André Midani, que era o diretor, falou que era o melhor trabalho que tinha ouvido nos últimos dez anos. Disse que a voz parecia a do Mick Jagger, queria que eu gravasse 'Angel'."
"Eu não topei, ele começou a adiar o lançamento do compacto. Quando saiu, foi direto para o primeiro lugar. Falaram que era sorte de principiante, fiz outro -'As Dores do Mundo'. Foi direto para a parada. Só aí pude gravar o LP."
Quando o disco estourou, ele sumiu. "Fui morar nos EUA, ver se lá alguém me respeitava. Os caras da gravadora ficaram loucos."
De volta, gravou "Deus, a Natureza e o Amor" (76). "Decidiram me vender como 'o cantor do tênis', porque não gostava de usar sapatos. Achei uma ofensa, saí batendo porta."
Aos poucos, foi caindo no ostracismo. A nova onda só veio em 95, com a regravação de "Na Rua, na Chuva, na Fazenda" pelo Kid Abelha.
Paula Toller, vocalista da banda, explica o interesse: "A turma do Hyldon tocava soul com letras singelas, de musicalidade pop de primeira. Gosto de quem não imita em português dicção e prosódia de americano."
Ao mesmo tempo, a banda mineira J. Quest inseriu "As Dores do Mundo" em seu disco de estréia. "Ele passeava pelo soul, mas não era tão black quanto Tim e Cassiano. Encontramos a música numa coletânea dos três", justifica o vocalista Rogério Flausino.
Hits de rádio, as regravações despertaram Hyldon. Ele prepara novo disco, que "sai em três meses, no máximo". O cantor, no entanto, ainda não assinou contrato com uma gravadora. (PAS)






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