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ANÁLISE
Dicionário recupera a história da TV
ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA
Com o lançamento, na próxima quarta-feira em São Paulo, do primeiro volume do "Dicionário da TV Globo", a emissora e
a editora Jorge Zahar oferecem
uma contribuição decisiva -embora ainda parcial- para a reconstituição da história da TV.
O livro de quase mil páginas,
contém mais de 1.500 verbetes e
ilustrações dos programas produzidos e exibidos pela TV Globo
desde sua inauguração, em 65.
Resultado do projeto Memória
das Organizações Globo, o trabalho possui um inegável tom institucional. Basta notar a ausência,
por exemplo, de verbetes sobre
profissionais de destaque, autores, diretores, atores e produtores,
ou pelo menos um índice, que
permitisse a localização dos profissionais mencionados.
Mas a edição cuidada traz levantamento exaustivo e criterioso, com datas, horários e dados
técnicos parciais das produções
classificadas como pertencentes
aos gêneros dramaturgia e entretenimento. Um segundo volume,
em fase de preparação, enfrentará
os jornalísticos e esportivos.
A publicação consolida informações de fontes variadas e especificadas, que incluem documentos internos, imprensa, publicações especializadas e depoimentos de profissionais, constituindo
um valioso banco de dados, útil a
telespectadores e profissionais.
Fragmentos relevantes da história da teledramaturgia emergem
nos verbetes. A ascensão e queda
de Glória Magadan, a cubana que
inaugurou a produção de novelas
na emissora, está documentada.
A autora é responsável pelos primeiros sucessos de público no estilo dramalhão, em oposição ao
qual surge a "fase verdade", liderada por Daniel Filho, que tem
início em 69, com "Véu de Noiva", de Janete Clair.
A originalidade de Chacrinha
está resgatada, embora não haja
referência, aos motivos -políticos- que levaram à interrupção
do contrato da emissora com o
apresentador durante dez anos.
Ao se dispor a compartilhar informações sobre uma história que
não é propriedade de ninguém, a
Rede Globo inicia uma importante "abertura". Cabe sugerir que o
primoroso banco de dados seja
disponibilizado em versão eletrônica, mais flexível a atualizações,
correções e consultas. Vale sugerir também que se acrescentem
informações sobre a existência ou
não de registro audiovisual dos
programas listados.
A promoção do acesso às imagens propriamente ditas complementaria bem o esforço. Diversas
minisséries vêm sendo editadas
em formato DVD. Trechos de
programas estão acessíveis no site
da emissora. Falta o grosso da
programação. Quem sabe o contato com a ousadia formal e temática, até hoje não superada, de trabalhos como "Armação Ilimitada" incremente a produção contemporânea?
Esther Hamburger é antropóloga e
professora da ECA-USP
DICIONÁRIO DA TV GLOBO. Editora:
Jorge Zahar (tel. 0/xx/21/2240-0226).
Quanto: R$ 59 (940 págs.).
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