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São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2003

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ANÁLISE

Dicionário recupera a história da TV

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Com o lançamento, na próxima quarta-feira em São Paulo, do primeiro volume do "Dicionário da TV Globo", a emissora e a editora Jorge Zahar oferecem uma contribuição decisiva -embora ainda parcial- para a reconstituição da história da TV.
O livro de quase mil páginas, contém mais de 1.500 verbetes e ilustrações dos programas produzidos e exibidos pela TV Globo desde sua inauguração, em 65.
Resultado do projeto Memória das Organizações Globo, o trabalho possui um inegável tom institucional. Basta notar a ausência, por exemplo, de verbetes sobre profissionais de destaque, autores, diretores, atores e produtores, ou pelo menos um índice, que permitisse a localização dos profissionais mencionados.
Mas a edição cuidada traz levantamento exaustivo e criterioso, com datas, horários e dados técnicos parciais das produções classificadas como pertencentes aos gêneros dramaturgia e entretenimento. Um segundo volume, em fase de preparação, enfrentará os jornalísticos e esportivos.
A publicação consolida informações de fontes variadas e especificadas, que incluem documentos internos, imprensa, publicações especializadas e depoimentos de profissionais, constituindo um valioso banco de dados, útil a telespectadores e profissionais.
Fragmentos relevantes da história da teledramaturgia emergem nos verbetes. A ascensão e queda de Glória Magadan, a cubana que inaugurou a produção de novelas na emissora, está documentada. A autora é responsável pelos primeiros sucessos de público no estilo dramalhão, em oposição ao qual surge a "fase verdade", liderada por Daniel Filho, que tem início em 69, com "Véu de Noiva", de Janete Clair.
A originalidade de Chacrinha está resgatada, embora não haja referência, aos motivos -políticos- que levaram à interrupção do contrato da emissora com o apresentador durante dez anos.
Ao se dispor a compartilhar informações sobre uma história que não é propriedade de ninguém, a Rede Globo inicia uma importante "abertura". Cabe sugerir que o primoroso banco de dados seja disponibilizado em versão eletrônica, mais flexível a atualizações, correções e consultas. Vale sugerir também que se acrescentem informações sobre a existência ou não de registro audiovisual dos programas listados.
A promoção do acesso às imagens propriamente ditas complementaria bem o esforço. Diversas minisséries vêm sendo editadas em formato DVD. Trechos de programas estão acessíveis no site da emissora. Falta o grosso da programação. Quem sabe o contato com a ousadia formal e temática, até hoje não superada, de trabalhos como "Armação Ilimitada" incremente a produção contemporânea?

Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP


DICIONÁRIO DA TV GLOBO. Editora: Jorge Zahar (tel. 0/xx/21/2240-0226).
Quanto: R$ 59 (940 págs.).



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