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Crítica
Rio idealizado confere charme a "Bossa Nova"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Com uma freqüência aflitiva,
os filmes que Bruno Barreto dirige parecem não interessá-lo
verdadeiramente. Por isso
mesmo é que "Bossa Nova"
(Canal Brasil, 20h) me passa a
impressão de destoar de maneira nítida de sua produção
recente.
As pessoas me dizem com
certa freqüencia que o Rio representado por Barreto não
existe. Bem, é isso justamente
que me parece interessante.
Antes que São Paulo fosse tomada pelo PCC, o Rio havia se
transformado em sinônimo de
insegurança, violência, arrastões, tráfico etc. Mas não era
esse o Rio que interessava ao
cineasta. Talvez fossem as impressões de sua infância do Rio,
da paisagem deslumbrante, das
relações sociais delicadas e do
humor o que lhe interessava
reter.
Enfim, é disso que é feito
"Bossa Nova": de paquera, leveza, um tanto de sem-vergonhice. O Rio da bossa nova.
O que queriam? A música das
metralhadoras? Isso pode ter
seu lugar, mas em algum outro
filme.
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