São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2008

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Análise/Festival de Teatro de Rio Preto

Evento se sai bem ao promover a produção local e espetáculos de risco

SÉRGIO SALVIA COELHO
ENVIADO ESPECIAL
A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO


Em sua oitava edição, o Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto cumpriu suas funções essenciais. Trouxe para a cidade montagens estrangeiras inesquecíveis, como "L'Oratoire d'Aurelia", no qual Aurelia Thierrée, dirigida por sua mãe, Victoria Chaplin, honram o sobrenome ilustre com uma precisa e delicada seqüência de sonhos. Possibilitou uma importante estréia mundial, "O Retorno ao Deserto", na qual a Compagnie Parnas suprimiu fronteiras ao endossar o manifesto libertário de Koltès, em versão bilíngüe; assim como a "pró-estréia" de "As Três Velhas", em que Maria Alice Vergueiro e ilustres bufões do Teatro Pândega provaram estar em condições de promover o rude lirismo de Alejandro Jodorowsky. O evento também fez um bom panorama do melhor teatro nacional, com destaque para "Retratos Falantes" do grupo Tapa (São Paulo), formado por quatro monólogos de Allan Bennet, encenados pelo despojamento essencial de Eduardo Tolentino, e uma revitalizada "Cordélia Brasil", de Antonio Bivar, estrelada por Maria Padilha com a pegada pop de Gilberto Gawronski. Promoveu o risco, testando ao máximo a ávida e generosa platéia com o estudo preciso de Francisco Medeiros para "O Pupilo Quer Ser Tutor", de Peter Handke, junto a Cia. Teatro Sim... Por Que Não, de Florianópolis; e o "Adagio" de Sabine Uitz, nos limites do blefe. Pôs em pé de igualdade com os prestigiosos convidados dez montagens de Rio Preto, que podem agora avaliar o que falta para que a cidade, além de "estar artista" por 11 dias, possa ter no resto do ano uma classe teatral que saiba merecer público e patrocínio constantes. Finalmente, e o mais importante, deu visibilidade a uma jovem companhia que promete muito. Neste ano, coube o papel a "Cachorro!", do Teatro Independente, releitura esperta de Jô Bilac do universo de Nelson Rodrigues, com a direção "beckettianamente" precisa de Vinicius Arneiro e a carismática atuação de Carolina Pismel, Felipe Abib e Paulo Verlings. Missão cumprida!

O crítico SÉRGIO SALVIA COELHO viajou a convite do festival



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