São Paulo, quarta-feira, 21 de julho de 2010

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De repente, Califórnia

Com música que remete ao pop ensolarado dos Beach Boys, a dupla Best Coast lança o 1º CD

Roger Kisby/Getty Images
Bethany Cosentino, do Best Coast, no Pitchfork Festival

THIAGO NEY
DE SÃO PAULO

Nos anos 60, o Beach Boys desenhou o gênero que seria chamado de "rock californiano" com canções como "Surfin" USA" e "California Girls".
Criaram músicas com melodias redondas, refrães grudentos, que exaltavam o modo de vida ensolarado da Costa Oeste dos EUA.
Esse espírito ganha reencarnação no Best Coast, talvez o nome indie mais comentado atualmente em sites, revistas, jornais, blogs.
O Best Coast é produto da cabeça -e da voz- de Bethany Cosentino, ex-atriz nascida em Los Angeles há 23 anos e filha de pai músico.
Começou a compor ainda adolescente, quando morava em Nova York. Não se acostumou ao ritmo da cidade. Voltou, então, para a Califórnia.
"Nada em Nova York me inspirava. Viver ali me fez amar Los Angeles", conta Beth, por telefone, à Folha.
"Gosto do tempo, das praias, da paisagem de Los Angeles. Nasci aqui, então é algo até meio nostálgico."
Sozinha, compôs faixas como "Sun Was High" e "When I'm With You", que estão no www.myspace.com/bestycoasty.
Na terça que vem, a dupla (além de Beth, o multi-instrumentista Bobby Bruno) lança o primeiro disco, "Crazy for You", o que deve aumentar ainda mais a presença do Best Coast no noticiário pop.
O "New Musical Express" definiu "Boyfriend", mais recente single do Best Coast, como "jovial, alegre, apaixonante". O Pitchfork disse que a voz de Cosentino está "confiante e esperta" na balada "I'm With You". "Inocente, mas ainda assim dark e intrigante", foi como o "New York Times" classificou a dupla.
"Até o ano passado eu apenas escrevia canções sobre a minha vida. Era algo natural. Não esperava que mais do que poucas pessoas fossem ouvir as músicas", revela.
Uma dessas canções é "Boyfriend", um mini-hit na internet em que Beth diz que "queria que ele fosse meu namorado/ Eu o amaria... / Mas ele é apenas um amigo". A letra continua: "A outra garota não é como eu/ É mais bonita e mais magra/ Ela tem diploma/ Eu larguei a escola quando tinha 17 anos".
"A maioria das letras são pessoais, mas não gosto de ser muito específica. Aquela canção é sobre um sentimento que eu tinha, e que pode ser comum a muita gente. Afinal, às vezes você não consegue ou não pode ficar com um amigo, uma amiga."
Stevie Nicks (Fleetwood Mac), Aretha Franklin, Billie Holiday e Patsy Cline são algumas das vozes que passaram pelo toca-discos de Beth quando ela crescia.
"Ouvi muito Beach Boys, Fleetwood Mac, gente dos anos 1950 e 1960, coisas do início dos Beatles", elenca Beth. "Mas não quero que minha música seja anos 1960. Quero que tenha aquele sentimento, mas com um toque moderno, único."
Anos 1960, vocal feminino. Características que colocam o Best Coast no mesmo pacote de outras bandas novas, como Vivian Girls, Dum Dum Girls e Warpaint. O Thurston Moore, do Sonic Youth, se declarou fã do BC.


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