JOYCE PASCOWITCH
enviada especial a Paris

Alexander McQueen bem que tentou para a Givenchy, mas foi John Galliano quem conseguiu. E fez, mais uma vez, a maison Christian Dior chegar ao ponto máximo com o desfile de ontem, na Gare d'Austerlitz, em Paris.
Delírio total, a começar pela plataforma da estação de trem, toda decorada com ares de Expresso do Oriente, batizado por eles de Diorient Express, em alusão à Dior. Areia cor de tijolo cobria o chão, cadeiras variadas, com os lugares previamente marcados com os nomes dos convidados, limões, laranjas, tâmaras frescas, champagne e doces árabes.
Ouve-se o apito do trem e, pouco depois, nas plataformas 20 e 21, chega o próprio. Dentro, Naomi Campbell, Linda Evangelista, Shalom Harlow e Shirley Mallmann, entre outras, todas visitadas pelo rei de todos. Isso mesmo, Galliano é o rei das últimas estações, sim senhor. Todos os outros, Alexander McQueen inclusive, que me desculpem, mas loucura e delírio têm medida -e parece que só mesmo John Galliano sabe até onde ir, e levar junto na coleira, o mundo da moda.
Salada mista? Pode até ser, mas com trufas e azeite de primeira. Mistura de Expresso do Oriente com "Pocahontas", pode? Galliano pode. Alexander McQueen bem que tentou, mas não chegou lá, Rússia e Amazônia não desceram redondo.
Com um mix de Henrique 8º, François 1º, governantas severas, família dos Médicis e muito "Pocahontas", John Galliano surge com o melhor da estação, uma festa bem produzida.
Sapatos altíssimos, bicos finos, do também inglês Manolo Blahnik, são o complemento para a viagem de sabores, cores, texturas, lãs, couros, chamois -uma camurça bem leve-, peles. Amarelos, roxos, verdes, vinho, bege tipo índio, mais natural, às vezes tudo junto, em um enorme mantô, cheio de recortes, longo, às vezes em um vestido longo azul. Capas longas, de astrakan preto ou de adamascados -a mais bela, tafetá vinho com gola de raposa.
Há tempos não se via mistura tão fina de cores na alta-costura. Na hora de desfilar com as modelos, Galliano preferiu ficar escondido num vagão. Um tchauzinho na janela -e até o próximo milhão de dólares. Ou seja, até já.



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