São Paulo, terça, 21 de julho de 1998

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PRIMAVERA-VERÃO 98/99
Herchcovitch morre, cresce e desfila hoje

Claudia Guimarães
A modelo Jeiza Chiminazzo, 13, veste look de Alexandre Herchcovitch em jeans destroyed com tachas


ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha

Alexandre Herchcovitch nasceu e morreu hoje. E ainda (como nos últimos dois anos) consegue fazer, na mesma data, o mais aguardado desfile do MorumbiFashion Brasil, que até sexta-feira lança 20 coleções de primavera-verão no Jockey Club de São Paulo (zona sul).
Os convidados para este desfile receberam em casa certidões de óbito com a data de hoje assinadas pela própria mãe do estilista. Hoje também é o dia em que Alexandre Herchcovitch completa 27 anos.
"Teve gente que ligou para perguntar se eu tinha morrido mesmo", conta. "Tenho que fazer isso, tenho que brincar com esse povo e comigo mesmo." De morto Herchcovitch não tem nada. Contratado pelo gigante Zoomp para desenhar sua linha feminina, em estréia também nesta temporada, o estilista abre duas lojas em São Paulo e prepara-se para desfilar em Londres em fevereiro, além de ter sua roupa vendida em 120 pontos selecionados no Brasil (graças à parceria com a Zoomp), mais 40 fora do país.
Junto aos crescentes números incluem-se também nomes de peso, como Browns, Liberty, Library e Johns, mais a moderna loja Hotel Venus, em Nova York, da visionária fashion Patricia Fields. Lá ele divide espaço com Vivienne Westwood, por exemplo.
O passo é uma das mais ambiciosas, originais e inéditas iniciativas de um estilista brasileiro. "Vou estar maior do que já estou", anima-se, anunciando a assinatura das duas coleções com seu parceiro de longa data, o artista plástico Mauricio Ianes: "No mundo inteiro é assim; assistente é tão importante quanto o estilista".
Mais novidades: uma linha jeans para todos os gostos, do comercial ao moderno (numa seção o índigo ganha lavagem industrial para adquirir aparência destruída e aplicação de tachas). "É uma boa oportunidade para minha entrada agora no mercado jeans. Existe o mito de que não dá para usar minha roupa, o que é uma mentira."
Na linha fashion, o estilista aciona as formas sensuais das roupas que fazia, por exemplo, em 88 para a drag queen Marcia Pantera. "Era tudo bem justo e me deu vontade de retomar isso", junto à inspiração (eterna) de ídolos como Siouxsie Sioux e Boy George.
"Eu fiz eu mesmo e o que sei fazer. Tenho as minhas referências. Aqui eles copiam e dão a desculpa de artistas plásticos. Todos ficam muito eruditos nessa época de temporada de moda", reclama.
Desta vez, as modelos vêm maquiadas, de salto alto, bonitas. "Me cansa um pouco essa coisa de antidesfile, de antimaquiagem. Fiz tudo isso em 93 e 94: desfile sem música, sem maquiagem... Agora eles estão com essa história, o que só prova que faço as coisas antes dos outros."



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