São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2000


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MÚSICA

Após três dias internado, o compositor trabalha em seu próximo disco com previsão de lançamento até o Carnaval

Erasmo Carlos volta entre rock e country

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

O susto passou. "Enganei todo mundo", diz o carioca Erasmo Carlos, 59, depois de passar três dias hospitalizado com arritmia cardíaca. "Não aguentaram comigo. A CTI não foi feita para mim. Fiquei lúcido, é chato para caramba. Da próxima vez, se houver, levo meu violão para a CTI. Lá está todo mundo drogado mesmo, não atrapalho ninguém", brinca.
Em casa e se recuperando, ele diz, por telefone, que já trabalha intensamente em seu próximo álbum, que será o primeiro com canções inéditas em oito anos e o primeiro por sua nova gravadora, a Abril Music.
O artista, um dos ícones máximos da jovem guarda e do rock nacional, confirma que foi aventada a possibilidade de uma cirurgia para colocar um marca-passo. "É, lá eles falaram que talvez eu precisasse de um marca-passo. Mas depois não falaram mais nisso, não precisou."
Ele continua brincando: "Mas, poxa, arritmia? Sou músico, não posso. Tenho de estar no ritmo". Mais: "O médico mandou parar a birita e o cigarro. Com a birita, obedeci. Com o cigarro, obedeci um pouco".
Erasmo, que há três anos admitia estar desestimulado a compor, anuncia a virada do vento: "Eu estava sem gravadora, a gente fica desanimado. Ser contratado pela Abril me deu uma injeção de ânimo, venho compondo para caramba. Estou motivado, tenho de novo uma gravadora disposta a investir, com boas intenções".
A chegada à mítica parceria com Roberto Carlos é inevitável. "Estou compondo as melodias sozinho, por enquanto, e Roberto está fazendo o mesmo para o disco dele. Só nesta semana vamos nos encontrar para começar nosso trabalho conjunto."
Ele diz que o disco do parceiro está mais adiantado e deve ter duas ou três músicas só de Roberto, assim como o seu pode ter temas assinados só por ele. "Pela minha cabeça até agora, o meu vai ficar entre rock e country."
Mas country de rodeio, Erasmo? "Não, country para mim é Doobie Brothers, Creedence Clearwater Revival, Travelling Wilburys, Eagles... Não é country de caubói, não é Roy Rogers. Neste fim de século, quero fazer isso, quem sabe depois lanço meus sambinhas também."
Inicialmente previsto para ainda este ano, seu disco pode ser adiado para depois do Carnaval de 2001. Enquanto isso, Erasmo diz que acompanha de longe negociações com a Som Livre para o relançamento em CD de seus discos (inclusive os dos anos 70 e 80, mantidos no baú pela sempre desinteressada Universal).
Erasmo responde sobre os boatos em torno de Roberto Carlos, sobre problemas enfrentados desde a morte da mulher. "Quando quero saber, pergunto para a secretária dele. Não somos amigos a ponto de eu ter de ficar ouvindo da boca dele a toda hora. Roberto e eu estamos muito bem dentro de nossas fases existenciais. Não há depressão de ninguém."
São exagerados os boatos, então? "Não há exagero. Faz cinco anos que minha mulher morreu e até hoje não consegui ser a mesma pessoa de antes, imagina ele. É claro que ele deve chorar, eu choro até hoje. Aliás, eu choro até vendo os Simpsons..."
Até com os Simpsons? "Ah, tem aquelas loucuras todas, mas tem o momento de ternura. O Bart pede desculpas, aí eu choro..."



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