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SHOW
Músicos que se apresentam com o cineasta mantêm vivas as raízes do jazz
Trio de Woody Allen toca em SP
EDSON FRANCO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Os homens que dão sustentação
ao lado musical de Woody Allen
estão em São Paulo. Com o nome
de New York Jazz, o trio que toca
com o cineasta nas noites de segunda no nova-iorquino hotel
Carlyle se apresenta hoje e no próximo sábado no Bourbon Street e
no dia 24 no bar Upstairs do hotel
Grand Hyatt, em evento que faz
parte da série Chivas Jazz Lounge.
Formada por piano (Conal
Fowke), banjo (Eddy Davis) e clarinete (Orange Kellin), a banda
traz para a cidade variantes do
jazz de raiz. Para Davis, 63, líder
do grupo, esse tipo de música tem
apelo para sobreviver na era do
MP3. O problema, na opinião dele, é mais mercadológico que artístico.
"Durante os anos 40 e 50, os
músicos não podiam tocar nas rádios e nas TVs sem contratos com
sindicatos. Isso afastou os instrumentistas, estabeleceu a ditadura
dos vocalistas e afastou do jazz a
aura de música popular. A platéia
acabou se condicionando a esse
estado de coisas. Mas grupos como o nosso estão se esforçando
para que as pessoas voltem a gostar de música sem palavras", disse
Davis, por telefone, à Folha.
Compositor de trilhas para filmes como "Celebridades", do
próprio Allen, e "Tomates Verdes
Fritos", ele teve seus primeiros
contatos com o jazz em casa, onde
os pais ouviam discos do pianista
Jelly Roll Morton.
No colégio Davis entrou para
grupos de jazz como baterista, saxofonista e, finalmente, banjista.
Nos anos 60, estudou arranjo e
composição em Chicago. Ali, conheceu Allen e plantou as sementes do que viria a ser o trio.
Apesar de ter aprendido música
na escola, Davis afirma que instituições renomadas como a Juilliard e a Berklee não fazem um
bom trabalho na formação de
músicos de verdade.
Sob esse ponto de vista, o maestro considera mais interessante
gente como Woody Allen, "que
possui um ótimo ouvido e toca
por intuição".
E não incomoda essa coisa de
ser apresentado como o homem
que toca com o cineasta? "De jeito
nenhum. Ele traz a platéia aos
nossos shows. E nós fazemos elas
irem embora certas de que viram
grandes músicos."
Na segunda parte dos shows, os
brasileiros Fernando Kfouri
(trombone), Pedro Lodovici Neto
(bateria) e Zeca Assumpção (contrabaixo), da São Paulo Dixieland
Band, se juntam à festa.
NEW YORK JAZZ. Quando: hoje e dia 28,
às 22h, no Bourbon Street Music Club (r.
dos Chanés, 127, Moema, SP, tel. 0/xx/
11/ 5095-6100). Quanto: R$ 35. Quando:
dia 24, às 21h, no Upstairs (av. das
Nações Unidas, 13.301, Brooklin, SP, tel.
0/xx/11/ 6838-1234). Quanto: R$ 100 (R$
50 consumíveis).
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