São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2004

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SHOW

Músicos que se apresentam com o cineasta mantêm vivas as raízes do jazz

Trio de Woody Allen toca em SP

EDSON FRANCO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Os homens que dão sustentação ao lado musical de Woody Allen estão em São Paulo. Com o nome de New York Jazz, o trio que toca com o cineasta nas noites de segunda no nova-iorquino hotel Carlyle se apresenta hoje e no próximo sábado no Bourbon Street e no dia 24 no bar Upstairs do hotel Grand Hyatt, em evento que faz parte da série Chivas Jazz Lounge.
Formada por piano (Conal Fowke), banjo (Eddy Davis) e clarinete (Orange Kellin), a banda traz para a cidade variantes do jazz de raiz. Para Davis, 63, líder do grupo, esse tipo de música tem apelo para sobreviver na era do MP3. O problema, na opinião dele, é mais mercadológico que artístico.
"Durante os anos 40 e 50, os músicos não podiam tocar nas rádios e nas TVs sem contratos com sindicatos. Isso afastou os instrumentistas, estabeleceu a ditadura dos vocalistas e afastou do jazz a aura de música popular. A platéia acabou se condicionando a esse estado de coisas. Mas grupos como o nosso estão se esforçando para que as pessoas voltem a gostar de música sem palavras", disse Davis, por telefone, à Folha.
Compositor de trilhas para filmes como "Celebridades", do próprio Allen, e "Tomates Verdes Fritos", ele teve seus primeiros contatos com o jazz em casa, onde os pais ouviam discos do pianista Jelly Roll Morton.
No colégio Davis entrou para grupos de jazz como baterista, saxofonista e, finalmente, banjista. Nos anos 60, estudou arranjo e composição em Chicago. Ali, conheceu Allen e plantou as sementes do que viria a ser o trio.
Apesar de ter aprendido música na escola, Davis afirma que instituições renomadas como a Juilliard e a Berklee não fazem um bom trabalho na formação de músicos de verdade.
Sob esse ponto de vista, o maestro considera mais interessante gente como Woody Allen, "que possui um ótimo ouvido e toca por intuição".
E não incomoda essa coisa de ser apresentado como o homem que toca com o cineasta? "De jeito nenhum. Ele traz a platéia aos nossos shows. E nós fazemos elas irem embora certas de que viram grandes músicos."
Na segunda parte dos shows, os brasileiros Fernando Kfouri (trombone), Pedro Lodovici Neto (bateria) e Zeca Assumpção (contrabaixo), da São Paulo Dixieland Band, se juntam à festa.


NEW YORK JAZZ. Quando: hoje e dia 28, às 22h, no Bourbon Street Music Club (r. dos Chanés, 127, Moema, SP, tel. 0/xx/ 11/ 5095-6100). Quanto: R$ 35. Quando: dia 24, às 21h, no Upstairs (av. das Nações Unidas, 13.301, Brooklin, SP, tel. 0/xx/11/ 6838-1234). Quanto: R$ 100 (R$ 50 consumíveis).


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