São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2005

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Eclipse solar



Enquanto "América" brilha no Ibope, a protagonista Sol é apagada por tramas paralelas e chega a ficar menos de dois minutos no ar

Divulgação
TEMPO NUBLADO Sol (Deborah Secco) começou chorosa e ambiciosa, não teve "química" com Tião (Murilo Benício) e agora vive dilema sem graça e romance sem sal com Ed (Caco Ciocler)


LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA

O tempo fechou em "América". Não, a novela não enfrenta mais a rejeição inicial do público. Ao contrário, já é a segunda mais vista da história recente da TV brasileira. Quem anda "apagada" é Sol, a protagonista de Deborah Secco.
Em quatro capítulos cronometrados pela Folha, a mocinha e seu núcleo apareceram muito menos do que as chamadas "tramas paralelas", como a de Glauco (Edson Celulari) e da viúva Neuta (Eliane Giardini). No de segunda, 15, o romance morno de Sol e Ed (Caco Ciocler) e a perdida vilã May (Camila Morgado) ocuparam só um minuto e 30 segundos. Já a separação de Glauco (Edson Celulari) e o início do apimentado "affair" com Lurdinha (Cléo Pires), 18 minutos e 30 segundos.
Os beijos apaixonados e secretos de Neuta e o peão Dinho (Murilo Rosa) também ganharam mais tempo do que o núcleo Sol no capítulo do dia 12. Foram cerca de 13 minutos para a história "paralela" contra aproximadamente sete da chamada de "central".
Quando a pedofilia foi abordada, no episódio da última terça, Sol praticamente desapareceu. Surgiu só para comentar o drama do garotinho seqüestrado e perguntar "O que é alerta Amber?" -dado pela polícia norte-americana em casos de pedofilia.
Sol tem aparecido muito menos do que as protagonistas das outras novelas. Na terça, ficou no ar durante pouco mais de três minutos, um terço da exposição de Serena (Priscila Fantin, de "Alma Gêmea") e Heloísa (Adriana Esteves, de "A Lua me Disse").
Também protagonista, Tião (Murilo Benício) não aparece muito mais do que a amada, mas está envolvido em um maior número de histórias: "relação" com o boi Bandido, encontros espíritas com o pai, briga com o irmão Geninho, casamento e rodeios.
Já a maior "emoção" que o espectador espera ultimamente ao ver Sol é saber se vai ou não contar ao compreensivo namorado que entrou nos EUA com droga, enganada por traficante. Ela não tem muita ligação nem com a bizarra pensão de mexicanos que falam português em Miami.
Termômetro da popularidade, revistas de celebridades traziam na última semana vários personagens nas capas: Neuta, Dinho, o vilão Alex (Thiago Lacerda). Até a irmã de Sol, Mari (Camila Rodrigues), e Dalva (personagem de Solange Couto que entrou no meio da novela) têm destaque nas bancas, enquanto Sol pouco brilha.
A autora Glória Perez afirma que isso é normal, que "toda novela é um jogo de equilíbrio". "A Sol apareceu bastante há alguns capítulos quando foi desenvolvida a história dela com o Ed. Agora tive de dar um tempo. Em breve, ela volta ao centro, será presa e ficará grávida. Haverá uma passagem de tempo, e, também por isso, tive de colocar tramas paralelas em determinado ponto para retomá-las quando o tempo passar."
Com muito ou pouco Sol, Perez tem o que comemorar. A novela marcava até segunda passada 47 pontos no Ibope, só um a menos do que "Senhora do Destino" no mesmo período. Já superou "Celebridade", "Mulheres Apaixonadas", "Esperança" e até "O Clone", também de sua autoria.


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