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ECLIPSE
Personalidades dizem que a personagem é a parte menos interessante; para autora, rejeição tem a ver com preconceito
Telespectadores apontam defeitos em Sol
DA REPORTAGEM LOCAL
A banda Mundo Livre S/A fez
até música para satirizar um suposto lado consumista de Sol,
protagonista da novela "América": "Eu não posso resistir/ Comprar, comprar, gastar, torrar/ Eu
não vivo sem consumir", diz trecho de "Soy Loco por Sol".
O vocalista Fred Zero Quatro é
um dos críticos de Sol entrevistados pela Folha. Condena a personagem por razão "sociológica".
"Quando vi aquela típica figura
iludida, resolvi fazer a música. Há
muito tempo, os EUA não tinham
tanta impopularidade quanto hoje. Todos sabem que o país não é o
paraíso no qual a Sol acredita. Essa ingenuidade dela, totalmente
acrítica, é fora da realidade", afirma o cantor, que se diz "fã" de outras atuações de Deborah Secco.
Paulo Maluf, ex-governador e
ex-prefeito de São Paulo, também
não aprova o "sonho americano"
da personagem. "Eu estaria mais
satisfeito se ela buscasse os sonhos em uma cidade brasileira",
diz o político, que vê novela nos
fins de semana, em sua casa de
Campos do Jordão.
Apresentador da rádio e TV
Mix, Max Fivelinha radicaliza: "Se
a Sol fosse tirada da novela, não ia
ter a menor importância", afirma
ele, ressaltando que acha Deborah
Secco "uma atriz maravilhosa".
Para Fivelinha, "aquela Miami é
cafona, mentirosa" e o melhor da
novela é Neuza Borges, que interpreta a ciumenta mãe Diva, e seu
filho, Feitosa (Ailton Graça).
Vida Alves, a primeira atriz a
dar um beijo na boca em telenovela brasileira, adora "América",
mas confessa: "A Sol é com certeza o que eu menos gosto. O casal
protagonista não me atrai muito".
Seu núcleo predileto é o de Jatobá (Marcos Frota) mas também
gosta muito dos rodeios e do gay
Junior (Bruno Gagliasso).
O noveleiro-mór Luciano, parceiro de Zezé di Camargo, acha
Raíssa [Mariana Ximenez] o máximo. "Adoro o núcleo dela, de
toda a história familiar bem construída. Também gosto do Carreirinha [Matheus Nachtergaele]."
Já a parte de Miami, avalia, "deixa muito a desejar". "Aquela avenida é muito falsa, tem toda hora
aquela menina de patins passando, os mesmos carros desde o início da novela..." E a Sol? "A Sol? É
muito difícil fazer o papel de mocinho, é muito difícil agradar.
Tem que ser bonzinho, levar tapa
e ficar quieto. E essa coisa de a Sol
no começo da novela buscar os
Estados Unidos mais pela grana...
Por mais que tentem injetar agora
no personagem a coisa família, o
telespectador não vai engolir."
E as críticas não são só para a
personagem: "Eu adoro a Deborah, mas [risos], me desculpe, colocaram a Camila [Morgado] para ser a vilã do lado dela. Então fica um disparate muito grande em
termos profissionais. Não dá [risos]. É até uma injustiça".
Emanuela Carvalho, diretora de
moda da gravadora Trama, diz
que, no caso da protagonista de
"América", a realidade supera a
ficção. "A vida da Deborah Secco,
que acompanhamos por meio das
revistas, é bem mais interessante
do que a da Sol. A paixão da atriz
pelo Falcão é mais legítima do que
a da personagem pelo Tião."
Para Glória Perez, se há rejeição
a Sol, está ligada ao início da trama, quando ela chorava muito, o
que a autora atribui à direção de
Jayme Monjardim, que saiu da
novela após desentendimentos.
Ela afirma ainda que "as pessoas
têm preconceito com o fato de Sol
ter ambição profissional". "Esse
dilema entre a vida pessoal e o trabalho é antigo, mas, nas novelas,
sempre era dos homens. "América" inova por mostrar uma mulher nessa situação. Mas Sol sempre teve um forte lado familiar."
(LAURA MATTOS)
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