São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2005

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ECLIPSE

Personalidades dizem que a personagem é a parte menos interessante; para autora, rejeição tem a ver com preconceito

Telespectadores apontam defeitos em Sol

DA REPORTAGEM LOCAL

A banda Mundo Livre S/A fez até música para satirizar um suposto lado consumista de Sol, protagonista da novela "América": "Eu não posso resistir/ Comprar, comprar, gastar, torrar/ Eu não vivo sem consumir", diz trecho de "Soy Loco por Sol".
O vocalista Fred Zero Quatro é um dos críticos de Sol entrevistados pela Folha. Condena a personagem por razão "sociológica". "Quando vi aquela típica figura iludida, resolvi fazer a música. Há muito tempo, os EUA não tinham tanta impopularidade quanto hoje. Todos sabem que o país não é o paraíso no qual a Sol acredita. Essa ingenuidade dela, totalmente acrítica, é fora da realidade", afirma o cantor, que se diz "fã" de outras atuações de Deborah Secco.
Paulo Maluf, ex-governador e ex-prefeito de São Paulo, também não aprova o "sonho americano" da personagem. "Eu estaria mais satisfeito se ela buscasse os sonhos em uma cidade brasileira", diz o político, que vê novela nos fins de semana, em sua casa de Campos do Jordão.
Apresentador da rádio e TV Mix, Max Fivelinha radicaliza: "Se a Sol fosse tirada da novela, não ia ter a menor importância", afirma ele, ressaltando que acha Deborah Secco "uma atriz maravilhosa".
Para Fivelinha, "aquela Miami é cafona, mentirosa" e o melhor da novela é Neuza Borges, que interpreta a ciumenta mãe Diva, e seu filho, Feitosa (Ailton Graça).
Vida Alves, a primeira atriz a dar um beijo na boca em telenovela brasileira, adora "América", mas confessa: "A Sol é com certeza o que eu menos gosto. O casal protagonista não me atrai muito".
Seu núcleo predileto é o de Jatobá (Marcos Frota) mas também gosta muito dos rodeios e do gay Junior (Bruno Gagliasso).
O noveleiro-mór Luciano, parceiro de Zezé di Camargo, acha Raíssa [Mariana Ximenez] o máximo. "Adoro o núcleo dela, de toda a história familiar bem construída. Também gosto do Carreirinha [Matheus Nachtergaele]."
Já a parte de Miami, avalia, "deixa muito a desejar". "Aquela avenida é muito falsa, tem toda hora aquela menina de patins passando, os mesmos carros desde o início da novela..." E a Sol? "A Sol? É muito difícil fazer o papel de mocinho, é muito difícil agradar. Tem que ser bonzinho, levar tapa e ficar quieto. E essa coisa de a Sol no começo da novela buscar os Estados Unidos mais pela grana... Por mais que tentem injetar agora no personagem a coisa família, o telespectador não vai engolir."
E as críticas não são só para a personagem: "Eu adoro a Deborah, mas [risos], me desculpe, colocaram a Camila [Morgado] para ser a vilã do lado dela. Então fica um disparate muito grande em termos profissionais. Não dá [risos]. É até uma injustiça".
Emanuela Carvalho, diretora de moda da gravadora Trama, diz que, no caso da protagonista de "América", a realidade supera a ficção. "A vida da Deborah Secco, que acompanhamos por meio das revistas, é bem mais interessante do que a da Sol. A paixão da atriz pelo Falcão é mais legítima do que a da personagem pelo Tião."
Para Glória Perez, se há rejeição a Sol, está ligada ao início da trama, quando ela chorava muito, o que a autora atribui à direção de Jayme Monjardim, que saiu da novela após desentendimentos.
Ela afirma ainda que "as pessoas têm preconceito com o fato de Sol ter ambição profissional". "Esse dilema entre a vida pessoal e o trabalho é antigo, mas, nas novelas, sempre era dos homens. "América" inova por mostrar uma mulher nessa situação. Mas Sol sempre teve um forte lado familiar."
(LAURA MATTOS)


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