São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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Ná Ozzetti canta Carmen Miranda

Em temporada que começa hoje no teatro Fecap, em SP, cantora inclui sucessos de Dorival Caymmi

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Vai ter Zequinha de Abreu ("Tico-Tico no Fubá"), Assis Valente ("Camisa Listrada") e, é claro, Dorival Caymmi. Nesta semana e na próxima, no teatro Fecap, a cantora Ná Ozzetti celebra o talento de uma de suas intérpretes preferidas: Carmen Miranda (1909-1955). Embora seja vista mais como uma intérprete ligada ao movimento dos anos 80 conhecido como vanguarda paulistana, Ozzetti sempre se interessou pelos autores da "velha-guarda" da MPB. "Quando comecei minha carreira, no grupo Rumo, em 1979, o trabalho tinha duas vertentes", afirma. "Uma era a contemporânea, e a outra, chamada Rumo aos Antigos, pesquisava canções menos conhecidas de autores como Noel Rosa, Lamartine Babo etc."

Pequena Notável
E foi rumando aos antigos que Ozzetti se encantou com a Pequena Notável. "Eu não a conhecia muito bem e fiquei tão impressionada com a qualidade do canto que comecei a adquirir suas gravações. Hoje devo ter quase tudo o que ela fez." Para Ozzetti, Miranda é uma influência especialmente no jeito de lidar com as canções. "Ela realçava detalhes das obras que passavam desapercebidos, tanto no aspecto musical -como a divisão rítmica e a acentuação-, quanto no aspecto coloquial. E tinha também uma relação lúdica com a arte, que aparecia por meio do seu gestual", lembra. Não por acaso, o espetáculo leva o sugestivo título de "Balangandãs". Para recriar o clima dos arranjos originais de Miranda, ela formou uma banda que tem o violão de seu irmão, Dante Ozzetti, e ainda Mário Manga (guitarra, violão tenor e violoncelo), Zé Alexandre Carvalho (contrabaixo) e Sérgio Reze (bateria e percussão). Chegar às 18 músicas do espetáculo foi um trabalho difícil. "Escutei tudo de novo e procurei colocar um pouco de cada fase dela. Mas muita coisa significativa acabou ficando de fora", admite. No caso do recém-falecido Dorival Caymmi, por exemplo, entrou "A Preta do Acarajé", mas a emblemática "O que É que A Baiana Tem" acabou excluída. "Eu simplesmente não me via cantando aquilo", afirma Ozzetti. Formado de itens como "Disseram que Voltei Americanizada" (Luiz Peixoto/Vicente Paiva), "Boneca de Piche" (Ary Barroso/Luiz Iglesias), "Na Batucada da Vida" (Luiz Peixoto/ Ary Barroso), "Touradas em Madri" e "Fon-Fon" (ambas de Braguinha/Alberto Ribeiro) o show traz, de qualquer forma, alguns dos mais conhecidos standards do repertório de Carmen Miranda.

NÁ OZZETTI
Quando: qui. a sáb., às 21h; dom., às 19h; até 31/8
Onde: teatro Fecap (av. Liberdade, 532, tel. 0/xx/11/3188-4149)
Quanto: R$ 30



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