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Crítica
Cinema alemão atual vê passado com humor
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O cinema alemão viveu dias
de desespero, no primeiro pós-guerra. Desespero glorioso, pode-se alegar, mas desespero.
Depois viveu dias de angústia,
na geração de 70 do século passado. Angústia (Herzog), quando não desespero (Fassbinder)
ou falta de direção (Wenders).
Pois bem, a Alemanha atravessa o século com um cinema
feliz. O trauma do hitlerismo,
que conviveu com a cisão do
país em duas partes, parece ter
desaparecido. Ou antes, ganha
um caráter até comercial, como
bem lembrou o colega Ruy
Gardnier: hoje em dia a Alemanha financia projetos que falem
(mal) de Hitler, que hoje virou
uma espécie de Judas de Sábado de Aleluia. Pode até ser perigoso, mas é assim.
A nova face da Alemanha
vem, em grande medida, de filmes como "Adeus, Lênin"
(Telecine Pipoca, 13h45; não
indicado a menores de 12
anos), de Wolfgang Becker, que
celebram a reunificação sem
demonstrar rancor pelo passado de divisão e pelo comunismo, visto agora como fenômeno quase burlesco.
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