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COMENTÁRIO
Algo novo surge no abafado underground brasileiro
KID VINIL
ESPECIAL PARA A FOLHA
Sinto que acontece uma nova
revolução no rock brasileiro,
talvez tão forte como aquela dos
anos 80. A única diferença é que
desta vez as bandas estão no circuito underground, fora das viciadas grandes gravadoras. Agora
é uma questão de descoberta, frequentando os bares mais alternativos da cidade e ouvindo os bons
grupos.
Los Pirata é um desses belos
exemplos. De repente, num desses bares, me deparo com a banda
de uma forma que me pega já nos
primeiros acordes. Depois foi colocar o CD para rodar e perceber
que existe vida inteligente no pop
brasileiro. Mas brasileiro? Como?
Cantado em espanhol?
Não interessa, pois há muito
não surgia nada para contagiar
assim, com tanto bom humor e
criatividade. Engraçado que, ouvindo a primeira música do CD,
"Nada", lembrei-me do final do
primeiro disco da banda carioca
Blitz, do início dos 80.
Nele, Evandro Mesquita ficava
pronunciando por um minuto a
palavra "nada". Tanto lá como cá,
é uma música "insana", no bom
sentido. Na época a Blitz dava o
pontapé inicial para uma geração
de novos grupos que se estendeu
por aquela década.
Volto a repetir: existe algo de
novo no ar abafado do underground brasileiro, que dá orgulho
dessa nova geração. E o Los Pirata
tem um sabor de coisas que ficaram na nossa mente, como o
punk/new wave minimalista do Wire, as viagens de Frank Black
(vocalista e líder dos Pixies) em espanhol.
Nem adianta desfilar tantas referências, pois cada um vai encontrar um ingrediente diferente
no Los Pirata.
E como o baterista consegue tirar todo aquele som de um kit de
bateria feito para crianças?
São certos detalhes que acabam
pesando na originalidade da banda, além de letras curtas e para lá
de objetivas, uma sonoridade no
mínimo repleta de criatividade.
Através dos Los Pirata dá para
perceber que uma nova geração
do rock brasileiro está à nossa
mercê.
Kid Vinil é diretor artístico da rádio Brasil 2000 FM, de SP (107.3 MHz)
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