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LITERATURA
Arnaldo Antunes, Antonio Cicero e Adriana Calcanhotto realizam "ações poéticas" para abordar obra do catalão
Espetáculo explora a poesia cênica de Joan Brossa
JULIÁN FUKS
DA REPORTAGEM LOCAL
Dê o nome de um poeta catalão
que tenha se tornado paradigma
na poesia política de cunho marxista. Agora o de um que tenha revolucionado a poesia visual, promovendo um desmonte da palavra até torná-la simples figura artística. Por fim, o de um catalão
que tenha se dedicado por toda
uma vida à construção de poemas-objetos, habitando os limites
entre poesia e artes plásticas.
Falou três vezes Joan Brossa?
Está feita a mágica: tem-se logo
um quarto artista, desta vez de talento empregado na poesia cênica. Quem duvidar ou quiser compreender melhor o truque vá assitir ao espetáculo "Brossa.Bros.Br", que acontece hoje às
21h, em complemento à exposição "Joan Brossa, de Barcelona ao
Novo Mundo", aberta até o dia 27.
Aquele que comparecer poderá
se deparar com importantes poetas e artistas -como Arnaldo
Antunes, Antonio Cicero, Lenora
de Barros, Tom Zé e Adriana Calcanhotto- abordando a obra do
catalão de uma maneira própria,
seja através de leituras, seja em interpretações musicais ou teatrais
de seus poemas. Cada um dos artistas, em lista que se estende com
mais nomes conhecidos, fará seu
número, sua performance ou, no
termo cunhado por Brossa, sua
"ação poética". Tudo sob direção
cênica de Vadim Nikitim.
"Para Brossa, o teatro era uma
maneira de fazer a poesia ser visualizada, em presença, na forma
de esquetes, mímica ou prestidigitação", explica João Bandeira,
idealizador e organizador do espetáculo. "Tudo para livrar a poesia de sua condição de remeter
sempre a algo que não está ali",
completa, talvez sugerindo uma
explicação para essa busca tão
eclética do catalão, para quem a
poesia podia dialogar com todas
as formas de arte.
Foi Bandeira quem cuidou de
escolher e convidar os artistas
participantes, sempre obedecendo a um critério de interesse prévio por Brossa, de relações efetivas com o poeta ou de uma afinidade imaginada que pudessem
ter com ele. "De alguma forma, do
outro lado do Atlântico, Brossa é
como um irmão mais velho de todos esses artistas", diz Bandeira.
Uma irmandade que só pode
trazer bons frutos à poesia brasileira. Só é pena que, estando Brossa morto há mais de cinco anos,
pouco se poderá retribuir da atenção. No entra-e-sai das palavras
pelo palco, porém, no surgimento
e desaparição de cada letra, quem
sabe o artista catalão não acabe
dando as caras, nem que seja uma
só dessas tão inusitadas.
Brossa.Bros.Br
Quando: hoje, às 21h
Onde: Centro Maria Antonia (r. Maria
Antonia, 294, tel. 0/xx/11/3225-7182)
Quanto: entrada franca
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