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POLÊMICA
Apesar das catracas eletrônicas, organização só divulga estimativas
Bienal esconde números e diz que público até agora é de 200 mil
IVAN FINOTTI
da Reportagem Local
A 24ª Bienal de São Paulo está
escondendo o número de visitantes do evento. Apesar de contar com um sistema de catracas
eletrônicas que permite saber o
número de pessoas no pavilhão
em tempo real, a organização
não divulga os dados.
Ontem de manhã, após duas
semanas de insistência da reportagem da Folha, a organização
divulgou para toda a imprensa
um número aproximado: "Mais
de 200 mil" até a última quarta,
dia 18 de novembro.
A informação foi fornecida
por meio de um fax assinado pelo presidente da Bienal, Julio
Landmann. Na semana passada,
Landmann já havia dado uma
estimativa: 180 mil.
Segundo disse na ocasião, não
era possível saber o número real
porque havia problemas com o
sistema de contagem. Desde então, Landmann não atendeu
mais a reportagem.
Entretanto, um engenheiro e
um economista da Ductor Implantação de Projetos, que gerencia o evento desde a montagem, afirmaram à Folha que não
há problemas com o sistema.
O engenheiro Isaltino Neto
disse que um relatório é impresso diariamente com o número
exato de visitantes. Segundo ele,
toda semana é entregue um balanço ao superintendente da
Bienal, Carlos Magalhães, que se
negou a dar entrevistas.
O engenheiro afirmou ontem
que não pode confirmar os
"mais de 200 mil" porque seu
contrato o impede de falar no assunto. "Os números estão na
mesa da diretoria, e só eles podem dizer alguma coisa."
O economista Fábio Mateus,
também da Ductor, é o responsável por operar o computador.
Ele afirma que o programa possibilita saber quantas pessoas estão na Bienal a qualquer instante, além de somar todos os visitantes até agora.
Ninguém da diretoria da Bienal quis explicar a razão de não
se divulgar os números exatos.
Devido ao tamanho do núcleo
histórico, que comporta, no máximo, 800 pessoas, a Bienal vende apenas 800 ingressos para cada hora. Isso limita o número de
visitantes a 9.600 por dia.
Se ficasse sempre lotada, a 24ª
Bienal alcançaria a marca de
566.400 pessoas ao fim do evento. Até hoje, foram 40 dias de exposição. Faltam 19.
Segundo a coordenadora da
monitoria, Milene Chiovatto,
cerca de 100 mil escolares já visitaram a mostra. Desses, 90 mil
são estudantes da rede pública e
entraram de graça. Outros 40
mil alunos estão agendados.
A Bienal de 96, que também
contou com catracas eletrônicas, teve 398.879 espectadores,
conforme se divulgou à época.
Na mesma ocasião, o então
presidente Edemar Cid Ferreira
disse que os números da Bienal
de 94 (544 mil pessoas) não eram
confiáveis por não serem contabilizados eletronicamente.
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