São Paulo, sexta-feira, 21 de dezembro de 2001

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MÚSICA

O estranho mundo de Natacha Atlas

Cantora belga de ascendência egípcia tem seu quarto CD, "Ayeshteni", lançado no Brasil; disco flerta com dance music

Disco tem participação da Transglobal Underground em versão de "Ne Me Quitte Pas"

DA REPORTAGEM LOCA

L Se você acha que música árabe não vai muito além da trilha sonora do novelão das oito, precisa ouvir Natacha Atlas.
A cantora belga de ascendência egípcia acaba de ter o quarto disco da carreira, "Ayeshteni", lançado no Brasil.
Ex-vocalista da Transglobal Underground, banda londrina que mistura world music e música eletrônica, Natacha Atlas se jogou no universo árabe ainda criança. Morava no bairro marroquino de Bruxelas, capital da Bélgica, e ali aprendeu árabe e espanhol, além de dança do ventre.
Ainda adolescente, Atlas foi para Londres, onde se tornou uma exótica cantora de rock, cantando boa parte das músicas em árabe.
Depois de passar pela Transglobal Underground e por uma banda de salsa, a Mandanga, Atlas se lançou como cantora solo. O primeiro disco, "Diáspora", saiu em 95. Em 97, veio "Halim", dedicado a Abdel Halim Hafez, cantor de música romântica árabe.
Em 99, Atlas lançou seu disco mais ocidentalizado, "Gedida". Ali a cantora incluiu a primeira música em inglês, além de uma versão de "Mon Amie la Rose", da cantora-ícone francesa Françoise Hardy. O álbum trazia também as primeiras experiências com música de pista.
Antes mesmo de "Gedida", em meados dos anos 90, Natacha Atlas passou a ser alvo de DJs europeus. Na época, apareceram singles de suas músicas em versões trance e house.
A incursão na música eletrônica, a paixão pela cultura árabe e os fetiches pop de Natacha Atlas se encontram neste "Ayeshteni".
"Shubra" abre o disco misturando batida árabe e teclados modernos. A letra é cantada em falsete, e o mote da música é um refrão repetitivo de cordas.
Percussão violenta, com alguns scratches no meio, e Natacha Atlas ataca uma versão das arábias de "I Put a Spell on You", de Screamin" Jay Hawkins. Sob o comando de Atlas, o clássico do blues virou uma trilha de dança do ventre dos anos 2000, com direito a interferências de um DJ.
Tem arranjo e produção da Transglobal Underground o encontro mais harmonioso de Ocidente e Oriente do CD: uma versão dançante e tremendamente bem cantada do hino "Ne Me Quitte Pas", de Jaques Brel.
Na faixa seguinte, "Mish Fadilak", a programação de bateria eletrônica volta a se comunicar com violinos e com percussão de derbak, uma espécie de atabaque árabe, de som seco e agudo.
Atlas faz de seu disco um "tour", com guia trilíngue, pelo mundo árabe. Apresenta instrumentos tradicionais, insinua-se com a voz cristalina, joga dança do ventre na pista de dança. Parece mostrar uma verdade que "O Clone" não vê. (CLAUDIA ASSEF)


Ayeshteni
    
Artista: Natacha Atlas
Lançamento: Sum Records
Quanto: R$ 25, em média




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