DA REPORTAGEM LOCAL

A Nação Zumbi assinou com a Trama contrato para três novos discos, o primeiro deles a ser lançado provavelmente em junho próximo. A banda pernambucana de mangue beat vinha sendo disputada também pela Universal, que oferecia contrato mais polpudo.
O integrante Pupilo, 27, justifica a opção pelo "mais fraco": "Artisticamente, a proposta era melhor. Com a Trama, a parte artística toda fica por conta da gente, não do planejamento de marketing. A Universal queria fazer um "MTV ao Vivo", mas não temos material para fazer um disco ao vivo. Tocar o que já tocamos desde o primeiro disco não rola. Hoje todo mundo está fazendo ao vivo, queremos mostrar que temos mais idéias".
No mesmo embalo, a Trama anuncia a aquisição da cantora e compositora Fernanda Porto, que deve assinar contrato hoje. Com extensa formação erudita, ela foi notada quando passou a se dedicar ao drum'n'bass e gravou com o DJ Patife.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)

O NÃO-LANÇAMENTO

Nem com os planos audaciosos para 2002 a Universal se lembrou de tudo. Não há menção ao rico catálogo da primeira fase do Quinteto Violado, uma espécie de tio-avô mais tradicionalista (mas também pernambucano) do mangue beat.
Apadrinhado por Gilberto Gil, o quinteto iniciou sua história discográfica em 72, com três LPs ricos e rigorosos ao extremo. Com releituras muito pessoais de temas de cor regionalista de Gil ("Procissão"), Caetano ("Ave Maria"), Vandré ("Disparada") e Luiz Gonzaga ("Assum Preto"), este "A Feira" (74) é o terceiro -e mais inesquecível- deles.

ADEUS, CONTINENTAL

A gravadora nacional Continental deixa de existir com esse nome -será acoplada de vez à Warner, que até aqui era apenas sua coligada. De tom popularesco nos últimos anos, a empresa que já foi dirigida por Braguinha vai de encontro à Warner, que também se aproximou daquele perfil ao emplacar em 2001 o cantor bregapop Robson. A Warner garante que a fusão não implicará enxugamento e dispensas. "É uma reestruturação, mais que um corte", diz a gravadora, que já demitiu 13 funcionários.

CROONER

Na contracorrente da preguiça artística, Zeca Baleiro interrompe seu show já montado e se despede de 2001 com duas apresentações como crooner, no Sesc Pompéia, nos dias 28 e 29 próximos. Promete interpretar Candeia, Tom Zé, Tom Waits, Ednardo, Carlos Dafé, Los Hermanos e outros, com convidados como Vange Milliet, Kleber Albuquerque e Vanessa Bumagny.

O DISPARATE

A Sony, hoje uma das gravadoras mais adormecidas no setor de reedição de catálogo, surfa no sucesso de Supla na "Casa dos Artistas" e põe nas lojas um CD dois em um reunindo os dois álbuns originais do Tokyo, a banda antiga do roqueiro.
A operação caça-níqueis se revela nos (tenebrosos) detalhes. As capas de "Humanos" (85) e "O Outro Lado" (87) são reproduzidas pequenininhas, dentro de uma outra capa que sapeca o aviso oportunista: "Trazendo os sucessos de Supla". Não há encartes, letras, nem sequer a relação dos autores das músicas. Devia ser apreendido pelo comitê antipirataria.

E-mail: psanches@folhasp.com.br


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