São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 2002

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Livro reúne cartas passionais de Caio Fernando Abreu

Amor correspondido

Divulgação
O escritor gaúcho Caio Fernando Abreu (1948-1996)


CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com 36 anos incompletos, Caio Fernando Abreu sentenciava em correspondência com um amigo: "Na minha lápide, quero alguma coisa mais ou menos assim: "Caio F. que muito amou".".
O escritor gaúcho se foi cedo, levado pela Aids, apenas 11 anos depois dessa carta. Mas não é em nenhum túmulo que deixou escrita a sua canção do amor demais. Ficou mesmo foi nos poros abertos de sua literatura e mais do que isso, agora sabemos, na sua correspondência.
O livro "Cartas - Caio Fernando Abreu", que a editora Aeroplano lança amanhã, no Rio, traz a público mais de uma centena de exemplos dessa passionalidade.
Organizado pelo professor de literatura Italo Moriconi, o trabalho reúne cartas enviadas pelo autor de "Morangos Mofados" a três dezenas de amigos e parentes entre 1965 e 1995.
Dentro dos envelopes compulsivos, que despachava na ordem de até quatro por dia, o missivista mandava junto não apenas sua relação caudalosa com a vida -expressa na epígrafe de sua obra-testamento, "Ovelhas Negras": "Que importa restarem cinzas se a chama foi bela e alta? Em meio aos toros que desabam cantemos a canção das chamas" (Mário Quintana).
A correspondência do autor, um dos mais relevantes da literatura urbana brasileira dos anos 70 a 90, aponta em cores vivas a topografia dessa época.
"Tento com este livro dar subsídios para se pensar a literatura brasileira de fim do século 20, o nosso fim-de-século, marcado pela presença ostensiva do consumismo pop e, na interface dark, pela presença da Aids", resume à Folha Moriconi.


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