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"JK, COMO NASCE UMA ESTRELA"
Cony realça otimismo dos anos 50
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
É antiga a relação de afeto e
incondicional admiração que
liga o escritor Carlos Heitor Cony,
76, ao ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902-1976).
"JK, Como Nasce uma Estrela" é
o último produto dessa relação.
Cony, cronista e integrante do
Conselho Editorial da Folha, autor de 27 livros e membro da Academia Brasileira de Letras, já havia exercitado a tarefa de biografar Juscelino. Em contatos pessoais com JK nos anos 70, participou da redação das memórias
que ele produzia e redigiu o tomo
publicado depois que ele morreu.
O homem e o período JK são temas de permanente interesse editorial. Há hoje 15 títulos nas livrarias. O próprio Cony reconhece a
excelência de alguns deles, como
os de Maria Victoria Benevides,
Cláudio Bojunga, Ronaldo Costa
Couto ou José Louzeiro.
Por que, então, percorrer mais
uma vez uma trilha já tão esquadrinhada? Porque não havia, até
agora, um trabalho sucinto e redigido numa linguagem mais simples, pelo qual jovens e adolescentes pudessem entender aquele
Brasil e seu presidente, um período muito rico de bem-sucedidas
políticas públicas e de elevada auto-estima da identidade nacional.
O novo livro é redigido em dois
planos. No primeiro, um personagem fictício, Serginho, procura
se informar com o pai, advogado,
sobre esse pedaço de passado para ele bastante remoto.
No segundo, há o JK nascido em
Diamantina (MG), a morte do pai
e a pobreza da infância, a Faculdade de Medicina, a Prefeitura de
Belo Horizonte, o governo de Minas e a Presidência da República
(1956-1961). Um homem namorador, político proscrito pelo regime militar, vítima de um acidente
rodoviário que o matou.
Cony não trai em momento algum a verdade histórica. Mas encaminha a narrativa de tal forma
que os ângulos controvertidos são
abordados na defensiva, e as críticas relegadas à condição de pimenta lançada por adversários.
A história republicana traz poucos personagens que se adaptariam a esse equilíbrio entre o rigor
factual e o enfoque edificante.
Cony é sensível ao fato de Juscelino ter sido bem mais que um político. Sua "era" definiu uma maneira otimista de enxergar o futuro e acreditar na competência das
instituições oficiais. Foi um raro
momento em que vigorou o consenso segundo o qual político não
é necessariamente malandro, e o
Brasil até que tem jeito.
O autor retrata tudo isso com
convicção comovida. JK, lembra,
"acreditava ter o seu destino escrito numa estrela". Está, metaforicamente, entre as maiores da vida
pública. E, dependendo do olhar,
virou uma outra estrela luminosa
que pode estar brilhando por aí.
JK, Como Nasce uma Estrela
Autor: Carlos Heitor Cony
Editora: Record
Quanto: R$ 18 (158 págs.)
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