UOL


São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÔNICA BERGAMO

No reino encantado da beleza

É fim de ano. Sinônimo de lojas e shoppings lotados, a época promove também o fenômeno da multiplicação de clientes nos cabeleireiros de São Paulo -tantos são os compromissos sociais, além das festas de Natal e Réveillon, que tomam a cidade.

Greg Salibian/Folha Imagem
Com as malas prontas para o Taiti, Eleonora Mendes Caldeira retoca penteado com Marco Antônio de Biaggi



O Studio W, no shopping Iguatemi, comandado pelo cabeleireiro Wanderley Nunes (o da dona Marisa, do Lula) lotou na quinta: o número de clientes saltou de 200 para 400. O MG Hair Design, do cabeleireiro Marco Antônio de Biaggi (auto-intitulado "O Rei das Loiras") também lotou.

Entre as 14h e as 19h estacionaram por lá loiras como as arquitetas Ana Maria Vieira Santos e Bya Barros (ex-mulher de Carlos Jereissati, da Telemar) e Maythe Birmann (mulher de Anderson Birmann, da Arezzo); e morenas como a psicanalista Eleonora Mendes Caldeira (mulher de Ivo Rosset, da Valisère), Ana Feffer (mulher de David Feffer, do grupo Suzano) e Fernanda Boghosian (da Versace no Brasil). No W passaram Esther Constantino (mulher de Ricardo Constantino, da Gol) e Renata Barrichello Baty (irmã de Rubinho Barrichello).

Com a cachorrinha Nina no colo -"ela se chamava Sweety, mas todo mundo pensava que era Sueli, então mudei"-, Ana Maria Vieira Santos deu uma passada no MG antes da festa do decorador Jorge Elias, no Leopolldo. Nina, que só come ração, "mas adora uvas e jaboticabas", também se embelezou. "Ela é dondoca. Minha arrumadeira já deu banho e fez escova nela também." No salão de Biaggi, um sanduíche de atum não sai por menos de R$ 18 e o corte de cabelo, por R$ 250. Ana vai "quando precisa" e "não tem noção" de quanto gasta.

Cuca Righi Mauro, dona de um bufê, também carregou seu cãozinho, Frederico, para o salão W. Ela conta que comprou Frederico depois que assaltantes entraram em sua casa. "A polícia me disse para dormir com um cachorro no quarto, porque ele "avisa" quando tem alguém por perto", diz ela, que ainda instalou uma porta blindada nos quartos. Frederico também fez os "cabelos", num petshop, enquanto Cuca fazia compras de Natal.

"A mulherada está enlouquecida. Elas estavam assustadas com a economia, mas pintou um otimismo geral", diz Wanderley. "O cabeleireiro sente, pela mulher, quando o marido está "duro". Quando o marido não deixa a mulher gastar, ela fica irritada", diz. E a ordem, nesta semana, foi mesmo gastar. Renata Barrichello, que trabalha com marketing, comprou 30 presentes, por R$ 5.000-o mais caro, de R$ 3.000, foi o do irmão, o piloto Rubinho Barrichello. Esther Constantino comprou um relógio Bulgari para o marido, Ricardo Constantino. Eram 15h30 e as duas se embelezavam no W, na quinta, num intervalo das compras.

"Eu estava apavorada, achando que o Natal seria ruim. Mas, do dia 12 para cá, melhorou", dizia Assuncion Villar, dona das lojas Zion (seis em SP e outras tantas em Fortaleza, Natal, Rio e Campinas), colocando a bolsa Louis Vuitton "básica" na frente do espelho do W. "Mas até as mais ricas estão dividindo em seis vezes", revela.

Beth Arbaitman comprou tudo para o Natal na Daslu: camisa Ermenegildo Zegna para o marido, bermudas para o filho e uma calça para a filha. Foi caro? "Que nada! Lá eu compro tudo de uma vez e pago em dez prestações no Amex." Na quinta, ela estava no MG se arrumando para a festa de Jorge Elias. Antes ia ao casamento "da filha da Fifi, que faz doces árabes". No Réveillon, ela vai para Punta del Este com a família.

Eleonora Mendes Caldeira, discreta, diz que deu "um dinheirinho" de Natal para o filho. A cerimônia na casa dela foi antecipada, pois na sexta-feira Eleonora viajaria para o Taiti e, em seguida, para o Colorado. Teve de levar duas malas, "uma para a praia e outra para a neve". No MG, ela renovou seu estoque de tinturas com a cabeleireira Mary Chan, para levar na viagem.

Scarlett Nasser, 14, filha de Ezequiel Nasser, ex-dono do Excel, também corria: no W, ela calibrava a beleza (fez cabelo, unha e maquiagem) para a viagem de Natal a Nova York. No Réveillon, volta ao Brasil, para festas em Angra dos Reis.

No MG, um cheiro de tintura e café se espalha pelos dois andares, branquíssimos e mobiliados com peças de Philippe Starck. O divã "purple, único, maravilhoso", diz Biaggi, serviu de cenário para Adriane Galisteu posar para uma revista. E a poltrona do século 18 seria uma réplica? "Ah, isso eu não sei. Só sei que paguei US$ 14 mil por ela", diz. O corte "desconectado" é, segundo Biaggi, um hit: "A gente parte o cabelo como se fosse uma pizza e vai cortando e desconectando". Vai entender...

No W, 170 funcionários andam freneticamente de um lado para o outro para que as clientes, que chegam a pagar R$ 250 por um corte e R$ 80 para tirar as sobrancelhas, sejam bem atendidas. De repente, agito no salão: o comerciante Han Soo acaba de vender a Wanderley cem aparelhos com garras finas de alumínio para massagear a cabeça. Só depois do negócio feito, Soo revela: o produto é vendido também em sex shop e se chama "Orgasmotec". Wanderley torce o nariz: "Japonês esperto, nô? Com esse nome, não vai vender nada aqui".

Numa mesinha de canto do MG, a "top das unhas postiças" Regina Guanás, 38, dá um trato nas cutículas de Rosana Sassi, ex-mulher de Abílio Diniz. "Rosa é a cor do momento, do bebê ao pink", diz Regina. "Então eu quero rosa-bebê", diz Rosana. Antes de serem pintadas, suas gigantescas unhas de mentirinha ficam secando por três minutos numa cabine com luz ultravioleta, que seca o silicone. Preço do serviço: R$ 150. Por dez dedos pintados, Rosana chega a ganhar R$ 50 de "agradecimento" das clientes. Fora a comissão sobre o preço dos serviços: "Não tenho do que reclamar", diz ela, de bolsos cheios para o Natal.

MAMÃE NOEL

As boas amigas

É uma beleza o Natal de manicures e assistentes de cabeleireiros dos salões requintados de São Paulo.

Na quinta-feira, por exemplo, a manicure Idalmir Malveira ganhou blusas da Le Lis Blanc, da Marie Claire e da Zara. "Ai, que blusinha linda", dizia ela, exibindo o presente da cliente Cláudia Borantini num pequeno quartinho em que as funcionárias do salão W guardam, em armários, suas coisas pessoais.

A assistente de cabeleireiro Cláudia Aparecida ganhou sandálias, perfumes, sabonetes e um delicado brinco com brilhantes da cliente Patrícia Loeb. "Para mim, a dona Patrícia deu uma tornozeleira", diz a manicure Idalmir.
"São clientes de mais de 15 anos, que a gente vê namorar, casar, ter filhos, separar e casar outra vez", diz. Aparecida conta que recebe de salário algo como R$ 1.000. De caixinha, acaba ganhando quase o dobro, principalmente em épocas como o Natal.



Com Cleo Guimarães (Reportagem Local) e Lucrecia Zappi



E-mail: bergamo@folhasp.com.br



Texto Anterior: A trilha: CD é caótico como o diretor
Próximo Texto: Televisão: Militares tentaram até encurtar novelas
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.