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CULTURA E POLÍTICA
Crítico ferrenho dos EUA e Israel, Ahmadinejad retoma um dos mais severos éditos culturais islâmicos
Presidente do Irã proíbe música ocidental
DA ASSOCIATED PRESS
O presidente linha-dura do Irã,
Mahmoud Ahmadinejad, proibiu
nesta semana a execução de música ocidental nas rádios e TVs do
país, retomando um dos mais severos éditos culturais adotados
nos dias iniciais da revolução islâmica que tomou o poder em 1979.
Canções como "Careless Whispers", de George Michael, e "Hotel Califórnia", do Eagles, costumam servir de fundo a programas
de TV iranianos, assim como músicas do saxofonista Kenny G.
Mas o "Diário Oficial" iraniano
publicou anteontem decreto de
Ahmadinejad que, como presidente do Supremo Conselho Revolucionário Iraniano, determinou a entrada em vigor de decisão
de outubro do órgão, proibindo a
música ocidental.
"Impedir que música indecente
e ocidental invada a programação
da Islamic Republic of Iran
Broadcasting (Irib) é uma necessidade", diz comunicado do conselho. A Irib deve se preparar para
seguir a ordem em seis meses.
A música foi proibida como atividade não-islâmica pelo aiatolá
Ruhollah Khomeini pouco depois
da revolução. Mas, com o tempo,
foi autorizada a execução de música clássica ligeira no rádio e na
TV. No final dos anos 80, alguns
shows voltaram a ocorrer no país.
Música, filmes e roupas ocidentais são amplamente disponíveis
no Irã. É possível ouvir hip hop
nas ruas de Teerã, em lojas de músicas ou saindo em alto volume
dos carros, e vídeos e DVDs piratas de filmes proibidos podem ser
encontrados no mercado negro.
Ahmadinejad assumiu o poder
em agosto após vencer com uma
plataforma que prometia um retorno aos princípios ultraconservadores da revolução.
Abandonou a moderação que o
Irã vinha exibindo na política externa e promoveu mudanças profundas no governo, substituindo
veteranos pragmáticos por ex-comandantes militares e líderes da
linha-dura religiosa. Ele tem feito
críticas ferozes a Israel, pediu que
o Estado judaico fosse "eliminado
do mapa" e descreveu o Holocausto como um "mito".
As recentes medidas incluem
também restrições quanto aos filmes. "A fiscalização de conteúdo
nos filmes, séries de TV e dublagens deve ser enfatizada, a fim de
apoiar o cinema espiritual e eliminar cenas grotescas e violentas." O
conselho também proibiu filmes
estrangeiros que promovam "potências arrogantes" -aparente
referência aos Estados Unidos.
Tradução Paulo Migliacci
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