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Comida
Rabanada chique
Restaurantes de São Paulo e do Rio criam versões incrementadas da sobremesa natalina, com receitas que incluem sorvetes, caldas e até frutas vermelhas
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A receita tradicional leva nada além de pão amanhecido,
ovos, leite e açúcar -eventualmente, um pouco de vinho ou
canela. Da simplicidade dos ingredientes surge uma iguaria
rústica e saborosa: a rabanada,
alimento de origem portuguesa
que, trazido pelos colonizadores, veio se instalar nos hábitos
brasileiros, especialmente à
época natalina.
Mas eis que até o mais simples -nascido da necessidade
de reaproveitar alimentos-
tem sido incrementado pelos
restaurantes da alta gastronomia: rabanada de brioche, sorvete de rabanada e acréscimos
como calda de frutas vermelhas
são algumas das criações que
transformaram o doce em atração sofisticada deste Natal.
Entre as invenções, há quem
tente fazer rabanada mais leve,
sem fritá-la. A chef Karyna Muniz, do Bistrô Vintage, prepara
uma receita em que as fatias
são assadas no forno e posteriormente cobertas com mel.
Bem longe da redução de calorias, o chef Christophe Lidy, do
Garcia & Rodrigues (r. Ataulfo
de Paiva, 1.251, RJ, tel. 0/xx/
21/3206-4100), serve a rabanada de brioche com amêndoas,
compota de frutas vermelhas e
sorvete de creme (R$ 18).
Também feita de brioche, a
receita do Adega Santiago (r.
Sampaio Vidal, 1.072, tel. 0/
xx/11/3081-5211) vem com sorvete e uma fatia de pêra (R$ 7).
Se o sorvete costuma servir freqüentemente de acompanhamento, a sorveteria Mil Frutas
(r. JJ Seabra, s/nš, RJ, tel. 0/
xx/21/2511-2550) juntou tudo:
criou um sorvete (R$ 7 a bola)
sabor rabanada, servido até
meados de janeiro.
Tradicionais
Comida típica da Consoada
lusitana (banquete do dia 24/
12), a rabanada é assim chamada apenas ao norte do rio Mondego. Ao sul deste, recebe o nome de "fatia-dourada", ou "fatia-de-parida" -conta-se que o
alimento era dado às mulheres
no período após o parto para
aumentar a densidade do leite.
"A rabanada fazia parte dos
doces conventuais, feitos pelas
ordens religiosas da Europa.
No Natal, essa e outras sobremesas fritas eram preparadas
por conta da baixa temperatura
[européia] nesta época do ano",
explica Marina Queiroz, professora de confeitaria e panificação da Anhembi Morumbi.
Alguns restaurantes portugueses como o A Bela Cintra (r.
Bela Cintra, 2.325, tel. 0/xx/
11/3891-0740) e o Antiquarius
(al. Lorena, 1.884, tel. 0/xx/
11/3082-3015) reproduzem a
receita tradicional. A primeira,
porém, leva baba-de-moça e
amêndoas (R$ 20) e a segunda
é acrescida de vinho do porto
(R$ 18,).
Pelo mundo
Embora Portugal reivindique a criação das rabanadas,
elas aparecem com pequenas
variações em diversos países.
Dono do restaurante Sallvattore, o chef Hamilton Mellão serve aos amigos o panne indorato, feito com pão italiano e sem
leite. A receita era preparada
por sua mãe na região italiana
do Friuli. "No Natal, essa era a
sobremesa feita pelas crianças,
por ser simples e divertida de
preparar", relembra Mellão.
Se na França uma pequena
variação leva o nome de "pain
perdue", nos EUA as iguarias
são conhecidas como "french
toast". Na África e em alguns
lugares do Nordeste, rabanadas
costumam levar leite de coco.
Que venha o pão amanhecido, e
outros tantos natais para se
provar tamanha variedade.
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