São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Comida

Rabanada chique

Restaurantes de São Paulo e do Rio criam versões incrementadas da sobremesa natalina, com receitas que incluem sorvetes, caldas e até frutas vermelhas

GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A receita tradicional leva nada além de pão amanhecido, ovos, leite e açúcar -eventualmente, um pouco de vinho ou canela. Da simplicidade dos ingredientes surge uma iguaria rústica e saborosa: a rabanada, alimento de origem portuguesa que, trazido pelos colonizadores, veio se instalar nos hábitos brasileiros, especialmente à época natalina.
Mas eis que até o mais simples -nascido da necessidade de reaproveitar alimentos- tem sido incrementado pelos restaurantes da alta gastronomia: rabanada de brioche, sorvete de rabanada e acréscimos como calda de frutas vermelhas são algumas das criações que transformaram o doce em atração sofisticada deste Natal.
Entre as invenções, há quem tente fazer rabanada mais leve, sem fritá-la. A chef Karyna Muniz, do Bistrô Vintage, prepara uma receita em que as fatias são assadas no forno e posteriormente cobertas com mel. Bem longe da redução de calorias, o chef Christophe Lidy, do Garcia & Rodrigues (r. Ataulfo de Paiva, 1.251, RJ, tel. 0/xx/ 21/3206-4100), serve a rabanada de brioche com amêndoas, compota de frutas vermelhas e sorvete de creme (R$ 18).
Também feita de brioche, a receita do Adega Santiago (r. Sampaio Vidal, 1.072, tel. 0/ xx/11/3081-5211) vem com sorvete e uma fatia de pêra (R$ 7). Se o sorvete costuma servir freqüentemente de acompanhamento, a sorveteria Mil Frutas (r. JJ Seabra, s/nš, RJ, tel. 0/ xx/21/2511-2550) juntou tudo: criou um sorvete (R$ 7 a bola) sabor rabanada, servido até meados de janeiro.

Tradicionais
Comida típica da Consoada lusitana (banquete do dia 24/ 12), a rabanada é assim chamada apenas ao norte do rio Mondego. Ao sul deste, recebe o nome de "fatia-dourada", ou "fatia-de-parida" -conta-se que o alimento era dado às mulheres no período após o parto para aumentar a densidade do leite.
"A rabanada fazia parte dos doces conventuais, feitos pelas ordens religiosas da Europa. No Natal, essa e outras sobremesas fritas eram preparadas por conta da baixa temperatura [européia] nesta época do ano", explica Marina Queiroz, professora de confeitaria e panificação da Anhembi Morumbi.
Alguns restaurantes portugueses como o A Bela Cintra (r. Bela Cintra, 2.325, tel. 0/xx/ 11/3891-0740) e o Antiquarius (al. Lorena, 1.884, tel. 0/xx/ 11/3082-3015) reproduzem a receita tradicional. A primeira, porém, leva baba-de-moça e amêndoas (R$ 20) e a segunda é acrescida de vinho do porto (R$ 18,).

Pelo mundo
Embora Portugal reivindique a criação das rabanadas, elas aparecem com pequenas variações em diversos países. Dono do restaurante Sallvattore, o chef Hamilton Mellão serve aos amigos o panne indorato, feito com pão italiano e sem leite. A receita era preparada por sua mãe na região italiana do Friuli. "No Natal, essa era a sobremesa feita pelas crianças, por ser simples e divertida de preparar", relembra Mellão.
Se na França uma pequena variação leva o nome de "pain perdue", nos EUA as iguarias são conhecidas como "french toast". Na África e em alguns lugares do Nordeste, rabanadas costumam levar leite de coco. Que venha o pão amanhecido, e outros tantos natais para se provar tamanha variedade.


Texto Anterior: Música: Eminem divorcia-se pela segunda vez
Próximo Texto: Rabanadas à Moda Portuguesa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.