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Crítica
Cassavetes traduz o desespero em uma imagem
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Minha Esperança É Você" (TC Cult, 12h55; 12 anos) é
universalmente conhecido como o menos pessoal dos filmes
de John Cassavetes.
Ele é diretor contratado por
Stanley Kramer, mas ainda assim para um filme "de tema" (o
tratamento de crianças com
deficiência mental).
Cassavetes trabalhou com
estrelonas como Burt Lancaster e Judy Garland e renunciou
às audácias a que, antes e depois, ele, um renovador do cinema norte-americano se dedicou. Sim, mas observemos a
primeira sequência. O pai trouxe o filho, que não fala e se recusa a sair do carro.
O psiquiatra Burt consegue
distraí-lo, e o menino sai do
carro. O pai entra no carro e sai
a toda velocidade. Detalhe: ele
sai com a porta aberta.
Ali onde qualquer outro diretor se concentraria em aspectos centrais, Cassavetes dedicou toda atenção à coisa mais
adjacente da história: a porta
que ficara aberta e continuará
aberta.
Ninguém precisa falar nada:
ela é a imagem perfeita, acabada, do desespero e do desconcerto do pai.
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