São Paulo, quinta, 22 de janeiro de 1998.



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Nas teias do sonho

HELOISA SEIXAS

Tudo o que queria era continuar pintando, espalhando sobre as telas aqueles véus que brotavam de seu inconsciente, materializados com ajuda de espátulas, panos, palmas das mãos. Eram figuras diáfanas, retalhos de sonhos, impressões que pareciam soprar uma brisa sobre o rosto de quem as olhava. Mas talvez ela tivesse de parar. Pois agora, a cada vez que se via só, trabalhando, sentia-se invadir por uma sensação espantosa: suas teias de sonho desprendiam-se da tela e começavam a envolvê-la, lentamente. Um dia iriam matá-la, como se ela fosse um inseto.



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