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Nas teias do sonho
HELOISA SEIXAS
Tudo o que queria era
continuar pintando, espalhando sobre as telas aqueles véus que brotavam de
seu inconsciente, materializados com ajuda de espátulas, panos, palmas das
mãos. Eram figuras diáfanas, retalhos de sonhos,
impressões que pareciam
soprar uma brisa sobre o
rosto de quem as olhava.
Mas talvez ela tivesse de parar. Pois agora, a cada vez
que se via só, trabalhando,
sentia-se invadir por uma
sensação espantosa: suas
teias de sonho desprendiam-se da tela e começavam a envolvê-la, lentamente. Um dia iriam matá-la, como se ela fosse um
inseto.
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