São Paulo, Sábado, 22 de Janeiro de 2000


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Cartas do sociólogo vão a Internet

da Redação

O poeta Manuel Bandeira recebe o pseudônimo de Baby Flag, José Lins do Rego troca confidências sobre literatura, Rubem Braga aparece datilografado carinhosamente, Fernando Henrique Cardoso e o poeta Carlos Drummond de Andrade escrevem pedindo informações sobre Recife e cursos de sociologia.
Todo esse material, que entre cartas, bilhetes e telegramas compõe mais de 15 mil documentos pertencentes a Gilberto Freyre, estará em breve parcialmente na Internet. É o que garante Gilberto Freyre Neto, superintendente da fundação Gilberto Freyre. "Uma faixa de 500 correspondências estará disponível em nosso site e esperamos que tudo esteja no ar já em março", explica.
As dificuldades hoje para colocar as informações no site, além da verba insuficiente e da demora na digitalização, estão sendo o processo de indexação. Os organizadores pensam na criação de uma chave que permita acessar todas as bases de dados da fundação e a infinidade de escritos.
A organização da correspondência, que conta com o patrocínio da Petrobras, já dura vários anos e têm sido feita por uma equipe de funcionários da fundação e estudiosos da obra de Gilberto Freyre. O próprio cineasta Nelson Pereira dos Santos disse ter sido um frequentador assíduo dos acervos para compor o documentário.
"Temos de ter muito cuidado com o manuseio de tais documentos, que já estão corroídos e desgastados pelo tempo", explica Fernando Freyre, neto de Gilberto Freyre, que participará do documentário.
"O Gilberto Freyre dos arquivos não tem o mesmo perfil do sociólogo. Há cartas de políticos, ministros, deputados, presidentes com quem ele tinha relação de amizade ou formal. Há relatos de juventude. Em muitos escritos é possível ver o seu jeito brincalhão. Tem o lado familiar expresso tanto em bilhetes coloquiais quanto em correspondência trocada com amigos escritores", sintetiza Gilberto Freyre Neto.
O interesse editorial por esse material inédito é enorme. A família disse à Folha que há a intenção de uma publicação paralela em livro e que já foi sondada por inúmeras editoras. "Não fechamos acordo com nenhuma delas, pois a nossa prioridade é a finalização do site", diz Gilberto Neto.
Além das cartas, na mansão colonial de paredes cor-de-rosa do bairro de Apipucos, no Recife, onde viveu por quase 50 anos, Gilberto Freyre deixou um grande número de objetos pessoais e acervo. A biblioteca particular tem 40.000 volumes, álbuns de fotografia que formam um painel da vida cotidiana do século.
(SG)


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