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Cartas do sociólogo vão a Internet
da Redação
O poeta Manuel Bandeira recebe o pseudônimo de Baby
Flag, José Lins do Rego troca
confidências sobre literatura,
Rubem Braga aparece datilografado carinhosamente, Fernando Henrique Cardoso e o
poeta Carlos Drummond de
Andrade escrevem pedindo informações sobre Recife e cursos de sociologia.
Todo esse material, que entre
cartas, bilhetes e telegramas
compõe mais de 15 mil documentos pertencentes a Gilberto
Freyre, estará em breve parcialmente na Internet. É o que garante Gilberto Freyre Neto, superintendente da fundação Gilberto Freyre. "Uma faixa de
500 correspondências estará
disponível em nosso site e esperamos que tudo esteja no ar
já em março", explica.
As dificuldades hoje para colocar as informações no site,
além da verba insuficiente e da
demora na digitalização, estão
sendo o processo de indexação.
Os organizadores pensam na
criação de uma chave que permita acessar todas as bases de
dados da fundação e a infinidade de escritos.
A organização da correspondência, que conta com o patrocínio da Petrobras, já dura vários anos e têm sido feita por
uma equipe de funcionários da
fundação e estudiosos da obra
de Gilberto Freyre. O próprio
cineasta Nelson Pereira dos
Santos disse ter sido um frequentador assíduo dos acervos
para compor o documentário.
"Temos de ter muito cuidado
com o manuseio de tais documentos, que já estão corroídos
e desgastados pelo tempo", explica Fernando Freyre, neto de
Gilberto Freyre, que participará do documentário.
"O Gilberto Freyre dos arquivos não tem o mesmo perfil do
sociólogo. Há cartas de políticos, ministros, deputados, presidentes com quem ele tinha
relação de amizade ou formal.
Há relatos de juventude. Em
muitos escritos é possível ver o
seu jeito brincalhão. Tem o lado familiar expresso tanto em
bilhetes coloquiais quanto em
correspondência trocada com
amigos escritores", sintetiza
Gilberto Freyre Neto.
O interesse editorial por esse
material inédito é enorme. A
família disse à Folha que há a
intenção de uma publicação
paralela em livro e que já foi
sondada por inúmeras editoras. "Não fechamos acordo
com nenhuma delas, pois a
nossa prioridade é a finalização
do site", diz Gilberto Neto.
Além das cartas, na mansão
colonial de paredes cor-de-rosa do bairro de Apipucos, no
Recife, onde viveu por quase 50
anos, Gilberto Freyre deixou
um grande número de objetos
pessoais e acervo. A biblioteca
particular tem 40.000 volumes,
álbuns de fotografia que formam um painel da vida cotidiana do século.
(SG)
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