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ARTES PLÁSTICAS
Caverna está sendo construída no Ibirapuera para exibir filme que anima pintura pré-histórica
Brasil 500 faz "Disney" com arte rupestre
CASSIANO ELEK MACHADO
da Reportagem Local
No meio do parque Ibirapuera,
em um local antes ocupado por
quadras de tênis, começa a surgir
uma caverna pré-histórica.
Daqui a três meses, quem entrar
nesse "sítio arqueológico" vai encontrar imagens rupestres se movimentando, como em um desenho animado.
"Filmamos sítios arqueológicos
e digitalizamos, de modo a dar vida animada a isso. É um pouco de
Walt Disney, ficção sobre os trabalhos rupestres, no sentido de
provocar o imaginário. Mas é tudo respaldado em um trabalho
científico", explica Edemar Cid
Ferreira, presidente da Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais.
A organização é a responsável
pela Mostra do Redescobrimento,
que vai reunir no parque Ibirapuera, de 24 de abril a 7 de setembro, cerca de 6.500 obras de arte
brasileira de todos os tempos.
A caverna, também batizada de
museu ou teatro virtual, começou
a ser construída esta semana, e é
tratada como a "menina dos
olhos" da exposição.
Desenvolvida por uma equipe
integrada por Nelson Hoineff,
jornalista e diretor de TV, pelo videomaker Marcello Dantas e pelo
músico David Tygel (ex-Boca Livre), entre outros, a instalação é
inspirada no sítio arqueológico de
São Raimundo Nonato, no Piauí.
O projeto todo deve consumir
cerca de R$ 4,5 milhões. Mas a
maior fatia do orçamento não será gasta na construção da caverna, feita em uma estrutura metálica coberta com lona e uma resina
elaborada pelo artista plástico
goiano Siron Franco. O filme, que
está sendo finalizado nos Estados
Unidos, é o núcleo do projeto.
As imagens do filme foram captadas em todo o Brasil, do Rio
Grande do Sul ao Piauí. Para tanto, a equipe teve à sua disposição
um avião Bandeirante.
A "animação" de figuras desenhadas há mais de 10 mil anos será projetada em uma tela de 16
por 10 metros montada dentro do
sítio arqueológico postiço. "Isso
tudo com climatização própria,
para que a pessoa se sinta dentro
de uma caverna", ilustra Edemar.
A trilha sonora do ambiente será apoiada em duas vertentes. A
primeira é uma pesquisa dos sons
"da vida terrestre na era pré-histórica, incluindo-se aí as condições meteorológicas e os ambientes por elas produzidos", como
descreve livreto da Mostra do Redescobrimento. A outra "soma
massas instrumentais a efeitos
eletrônicos para acompanhar as
animações gráficas".
A instalação, de 5.500 metros
quadrados, terá capacidade para
receber 600 pessoas a cada 30 minutos, duração do filme.
Para Edemar, "essa animação
tem o objetivo de mostrar os sítios
arqueológicos de modo que as
pessoas entrem para ver o filme
com uma visão da arte pré-histórica brasileira e saiam com outra
totalmente diferente".
Mais do que isso, o ex-presidente da Fundação Bienal de São Paulo diz que "a idéia é aculturar o
brasileiro sobre sua civilização indígena e pré-indígena."
Ao final de quatro meses, o circo arqueológico será montado em
outras praças. Primeiro no Rio,
depois na Bahia e, por fim, no British Museum, em Londres.
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