São Paulo, Sábado, 22 de Janeiro de 2000


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GUERRA DE MUSEUS
Prado e Academia disputam Goya

das agências internacionais

Os museus espanhóis do Prado e da Real Academia de Belas Artes de San Fernando estão disputando a última grande pintura de Francisco Goya (1746-1828) que ainda era propriedade de um particular -e que foi comprada pelo governo espanhol na última terça-feira.
O Estado exerceu seu direito prioritário de compra do quadro "A Condessa de Chinchón" no momento em que a família proprietária anunciou sua venda a um colecionador. A legislação espanhola permite que o Estado compre uma obra de arte pelo mesmo preço oferecido pelo vendedor a outro particular.
O quadro foi adquirido por US$ 24,38 milhões. Agora, o Ministério da Educação e Cultura da Espanha terá de decidir quem ficará com o quadro. A decisão deve sair "nos próximos dias", segundo o ministério. Enquanto isso o Prado argumenta que o quadro de Goya deve ser seu por questão de "lógica histórica". Já a Real Academia afirma estar disposta a pagar o valor da transação.
A data limite para a tomada da decisão é 12 de fevereiro. A partir dessa data, o prazo para o pagamento total da obra é de dois anos.

Razões do Prado
Para Fernando Checa, diretor do Prado, o novo quadro complementará a coleção do museu, referência internacional para as obras de Goya, que conta com 126 pinturas a óleo e 500 gravuras do artista espanhol.
"É o seu destino natural. Moralmente, o quadro não estando com a família, o sentimento geral é que deve estar no Prado", disse. "A Condessa de Chinchón" já integrou exposições organizadas pelo Prado, sob empréstimo.

Razões da academia
Já o diretor da Real Academia de Belas Artes de San Fernando, Ramón González Amezúa, declarou que a instituição está disposta a "tomar uma atitude extrema" para conseguir o quadro de Goya. A academia está disposta a utilizar a herança que recebeu de Fernando Guitarte, cujas obras de arte foram expostas recentemente. O valor seria equivalente ao do preço de "A Condessa de Chinchón".
A Real Academia tentou em duas ocasiões obter o quadro. Em 1996, ofereceu US$ 18,1 milhões. Há um ano, propôs pagar a mesma quantia. A oferta foi rechaçada pelos proprietários. González Amezúa disse que nos últimos dias vinha tentando um acordo com o financista Juan Abelló para partilhar a compra, até que o proprietário do quadro se decidiu pela oferta de US$ 24,38 milhões.
Segundo Antonio Bonet Correa, diretor do museu da Real Academia, o quadro seria um "presente ao povo espanhol", lembrando que a instituição assumiria todo o custo para obter a obra.


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